domingo, 29 de novembro de 2009

APLAUSO E ASSOBIO, SEMANA DE 23 A 29 NOVEMBRO






APLAUSO







VELOSO E QUIM




O dérbi não teve golos, foi sensaborão. Mas teve  um  lance marcante que só não deu golo porque ao extraordinário remate de Miguel Veloso respondeu Quim com uma defesa do outro mundo. Pela qualidade do lance, o meu aplauso. Por certo que Quim reentrou nas contas de Queiroz.








ASSOBIO









JESUS



O treinador do Benfica ficou satisfeito com o resultado, mas escusava atribuir falta de qualidade ao relvado, ninguém reparou nisso, para justificar uma exibição menos conseguida.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

PROENÇA É DO BENFICA MAS SPORTING GANHOU



A "estória" que se segue aconteceu a anteceder o Benfica-Sporting, realizado no Estádio da Luz, em 4/1/04, ganho pelos leões por 3-1.


Antes da narração do sucedido, quero dizer que, tal como eu me assumo do Sporting, o que não me impede de como jornalista ser profissional, o mesmo acontecerá com os árbitros que podem ser de um dos clubes que intervêm num qualquer jogo por eles dirigido sem que isso influencie o seu desempenho.


Na véspera de mais um clássico, na circunstância Benfica-Sporting realizado em Janeiro de 2004, a nomeação do árbitro foi, como sempre, alvo de polémica. O escolhido pela Comissão de Arbitragem, tal como agora, foi o lisboeta Pedro Proença.


Após o anúncio da nomeação, chegou-me aos ouvidos, na minha condição de director do Sporting para a comunicação social, que Proença era sócio do Benfica, e de camarote. A informação vinha de fonte segura, e por isso não tive qualquer problema em partilhá-la com o director executivo da SAD que, na altura, era José Bettencourt, actual presidente leonino.


Dada a situação, sugeri que aquilo que era um facto fosse posto a circular. Autorização dada e assim aconteceu. Dois dias antes do encontro, a notícia apareceu publicada em alguns jornais e foi um grande "chiribiri". Pedro Proença não confirmou nem desmentiu. Apesar da confusão causada por uma verdade insofismável, com o natural incómodo para algumas personagens, manteve-se a nomeação.


No dia do jogo Proença lá estava de apito na boca, pronto para fazer o seu trabalho. E para que ninguém tivesse dúvidas, aos 8 minutos de jogo, apontou uma grande penalidade, a favor do Sporting, num lance muito duvidoso, que deu no primeiro golo dos leões, apontado por Rochemback.


O Sporting acabou por vencer por 3-1. Silva e Sá Pinto,  também, de penálti, mas este sem sombra de pecado, apontaram o segundo e terceiro golos. Luisão marcou o tento de honra do Benfica.


Após o encontro, as críticas por banda do Benfica e da comunicação social, ao árbitro da partida, foram arrasadoras. Diziam, na maioria, que Proença quis ser tão isento que "borrou a pintura toda". Os benfiquistas afirmavam que não precisavam de consócios assim.


Como se vê, é difícil agradar a todos e quando se trata de um derby lisboeta é mesmo o "fim da picada".


Faço esta revelação ciente de que, na função que tinha no Sporting naquele tempo, era minha obrigação defender os interesses do meu clube.


Aproveito para desejar uma boa prestação a todos os intervenientes no jogo deste sábado. Proença tem categoria para fazer um excelente trabalho.


Carlos Severino

terça-feira, 24 de novembro de 2009

SPORTING – BENFICA, A “Vingança” de Toni e Veloso




Como repórter fiz muitos Sporting - Benfica, mas, apesar da minha costela leonina, nunca misturei trabalho com a preferência clubista, o que não quer dizer que o meu lado emocional não reflectisse, interiormente, alegria ou tristeza pelos resultados do clássico.



Em véspera de mais um derby, cá vai mais uma “estória” inédita, desta vez envolvendo, para além de mim, Toni, então treinador do Benfica, e Veloso, o capitão da equipa encarnada.



Na época 93/94 o Sporting, treinado por Carlos Queiroz, estava à beira de conquistar o campeonato que lhe fugia desde 1982. Precisava de ganhar ao Benfica para atingir o objectivo.



Como jornalista/repórter da TSF, fui marcado para acompanhar o Benfica a tempo inteiro. Treinos, conferências de imprensa, estágio e jogo, tudo fazendo parte do menu para que os ouvintes nada perdessem.



Na véspera do jogo e depois do treino que foi no Coimbra da Mota, no Estoril, dirigi-me ao local de estágio para saber mais alguma coisa que fosse valor acrescentado às informações que tinham sido dadas. Após o jantar da equipa, alguns elementos ficaram pelo salão de convívio, entre eles Toni e Veloso.



No Benfica todos sabiam do meu sportinguismo mas, também, sabiam bem do meu profissionalismo e por isso ninguém se mostrava incomodado pela minha presença. De resto, Toni e Veloso para além de outros como Jesualdo Ferreira, Rui Costa, João Vieira Pinto, como pessoas do futebol que percebiam o papel de cada um, tinham um excelente relacionamento comigo.



As boas relações entre mim Toni e Veloso, permitiram-me dizer-lhes, em off, que como amigo deles nem sabia que perguntas lhes faria no final do jogo uma vez que o Benfica acabara de ser eliminado em Parma, para a Taça das Taças, e já havia sido afastado da Taça de Portugal. Isto no meu pressuposto de que o Sporting iria vencer. Veloso riu-se e disse-me: “vê lá se o tiro sai pela culatra”. Toni, com aquele sorriso maroto, olhou para mim e disparou: “Oh Severino, cheira-me que vais apanhar um desgosto amanhã”! Risos! Limitei-me a dizer que continuava "preocupado" com a maneira como os iria abordar no final da contenda.


No dia do jogo, chovia que Deus a dava, o velhinho estádio de Alvalade completamente lotado, um ambiente fantástico e eu lá estava para acompanhar todas as incidências do jogo relativas ao Benfica. E tudo começou bem para o Sporting que abriu o marcador. Mas o Benfica, rapidamente, empatou. Os Leões voltaram a marcar. De novo os encarnados empataram e logo passaram para a frente. A poucos minutos do fim o resultado chegou aos 6 a 2. Ficou em 6 a 3, com Balakov a marcar de penálti. Foi a noite de João Pinto e o Benfica ficou com o caminho aberto para chegar ao título.



Antes do final do encontro, completamente ensopado, entrevistei João Pinto, que tinha sido substituído para a consagração, junto à escadaria que dava acesso ao túnel das cabinas, e ainda me lembro que do seu rosto transparecia um completo e justificado deslumbramento.



Com o apito final fui em direcção a Toni que, também ele todo encharcado, de peito inchado, me deu conta da sua natural satisfação, não deixando de aludir aos que não acreditavam na equipa, olhando para mim com natural gozo. Quanto a Veloso, veio na minha direcção e perguntou-me: “ então, não me perguntas nada?”. Confesso que foi a única pessoa que me fez rir naquela noite. Abracei-me a ele, a rádio tem estas vantagens, e fiz-lhe a justificada entrevista.



Naquele jogo, Toni foi tão corajoso que até deixou Rui Costa no banco.



Com a obrigação de jornalista fiz toda a festa do Benfica, desde Alvalade até à Luz.



Quando cheguei a casa, a minha mulher, que é benfiquista, tinha um banho quente preparado que me soube pela morte. Tive 3 dias sem sair de casa. Quando me apresentei ao serviço, o meu director, David Borges, um senhor do jornalismo, mas benfiquista, apenas me perguntou se eu já estava recuperado.



Toni e Veloso, muito experientes, sabiam que no futebol a lógica é uma batata. Hoje, passados estes anos todos, continuamos amigos, mas aquela noite jamais será esquecida por mim, por eles e pela HISTÓRIA do Futebol Português.









Carlos Severino

domingo, 22 de novembro de 2009

APLAUSO E ASSOBIO, SEMANA 16 a 22/11/2009

Começa hoje a eleição semanal das figuras do futebol português que, na minha opinião, merecem aplauso ou assobio por aquilo que disseram ou fizeram.






APLAUSO



CARLOS QUEIROZ


Aplauso para Queiroz por ter mantido a SELECÇÃO de PORTUGAL no patamar cimeiro do futebol mundial. O seleccionador português acreditou sempre que era possível. Mesmo sem Ronaldo conseguiu o passaporte para a África do Sul. Parabéns Prof.









ASSOBIO



OLEGÁRIO BENQUERENÇA


Ouvi e nem queria acreditar. Dizer, num Congresso de Arbitragem ,que não se importa de ser árbitro profissional desde que lhe paguem bem para suportar que lhe chamem "CHULO" e "PALHAÇO"?
Não há memória!





Carlos Severino

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

RICARDO CARVALHO - PINTO DA COSTA ACERTOU EM CHEIO



A selecção está no Mundial da África do Sul após uma saborosa vitória na Bósnia. O jogo terminou com Ricardo Carvalho como capitão de equipa, no dia em que completou 60 internacionalizações. Como o tempo passa.

A "estória" de hoje tem, precisamente, a ver com um momento vivido no verão de 1997, com três intervenientes: Ricardo Carvalho, Pinto da Costa e eu.

A notícia da saída, não confirmada pelo FCPorto, para o Tenerife, de Domingos Paciência, levou-me ao Porto para tentar confirmar a veracidade da informação que tinha obtido junto de uma fonte credível. Mas como nunca gostei de dar notícias para serem desmentidas, lá fui até ao velhinho Estádio das Antas para, in-loco, confirmar a veracidade do que me haviam dito. 

Chegado à "casa" do FCP, pedi para falar com o presidente, Pinto da Costa, para que não houvesse equívocos.  Enquanto esperava pela resposta ao meu pedido, fui andando por ali e, de repente, dou com os olhos no líder portista. Logo a ele me dirigi e, depois dos cumprimentos da praxe, fui directo ao assunto perguntando se a saída do Domingos era uma realidade? Pinto da Costa, a sorrir, disse-me que lhe parecia que o avançado já tinha limpo o cacifo. Pedi-lhe que me confirmasse para o gravador e, enquanto o tentava convencer a gravar, aproximou-se de nós um jovem de cabelo comprido, que eu não conhecia.  PC virou-se para mim e disse-me: "sabe, o que interessa é o futuro e quero apresentar-lhe um novo Fernando Couto". Com efeito, com aquele cabelo o jovem parecia-se com Couto. Seguindo com a conversa, e dando uma palmadinha amigável no ombro do "rapaz", acrescentou: "aqui, o nosso Ricardo Carvalho, vai agora rodar para o Leça, para ganhar experiência, e olhe que este não engana". 

Passado este tempo todo, dá para perceber que Ricardo Carvalho, apesar de ter, entretanto, mudado de visual, não enganou mesmo. Antes de regressar ao FCP, esteve uma temporada no Vitória de Setúbal e outra no Alverca. Depois ganhou tudo o que havia para ganhar no Porto de José Mourinho, e em 2004/05 ingressou no Chelsea onde continua a ser um dos esteios da equipa inglesa.

Com o apuramento para a fase final do Mundial, Ricardo Carvalho atinge, assim, o patamar que Pinto da Costa lhe augurou em 1997. Quem sabe, sabe.

Aqui quero deixar os parabéns a todo o grupo de trabalho que levou a selecção a escrever, na Bósnia,  mais uma página brilhante da sua história e com Ricardo Carvalho, o personagem desta "estória", como CAPITÃO.

Carlos Severino

domingo, 15 de novembro de 2009

A PREMONIÇÃO DE QUEIROZ



Como estamos em tempo de Selecção A e perto da decisão final do apuramento para mais um Mundial, veio-me à memória um jogo em que o então, tal como agora, seleccionador nacional era Carlos Queiroz.


Corria o  ano de 1993, dia 27 de Abril, véspera do Portugal-Escócia jogo a contar para a fase de apuramento do Mundial dos Estados Unidos. A selecção estagiava num hotel da zona do Estoril/Cascais e lá estava eu para acompanhar os trabalhos da selecção, 24 horas por dia. O relacionamento com o staff da FPF era muito bom, sendo que cada um sabia respeitar o espaço e a função de cada um. Reparei que Carlos Queiroz andava bastante entusiasmado com o trabalho que estava a desenvolver. Nessa altura despontavam já Figo, Peixe, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Fernando Couto, Baía, Jorge Costa, Folha, Hélder e Domingos que se juntavam a Futre, Rui Barros, Cadete, Oceano, Paneira, André, Semedo, Rui Águas, Veloso, João Pinto, Leal, Fernando Mendes, Nogueira e Neno que constituiram o grupo que participou na campanha.


Após o jantar, os jogadores subiram para os quartos e eu, a trabalhar para a TSF, juntamente com o meu amigo Carlos Boto, da Comercial, agora está no Rádio Clube, ficámos por ali para tentar saber quem ia jogar no outro dia, no mítico, antigo, Estádio da Luz.


Por volta das 22h metemo-nos com Queiroz para saber as últimas. O seleccionador sorriu e convidou-nos a entrar numa pequena sala onde havia um quadro e sem demora disse: "amanhã vamos ganhar por 5-0"! Claro que quisemos saber como iria isso acontecer perante uma selecção cliente habitual das fases finais dos mundiais. Carlos Queiroz não nos fez esperar. Vai ser assim, dizia ele apontando para o quadro: " vamos jogar pelos flancos e após os cruzamentos lá estarão o Rui Barros,  Futre, Cadete e sempre mais dois ou três prontos para  atirar à baliza. Isto vai resultar e vamos começar a marcar cedo".


Ok, não ficámos convencidos mas não deixámos de comentar que Queiroz estava mesmo convicto de que seria assim como estava a transmitir.


No dia seguinte, 28 de Abril de 1993, às 21h, lá estava eu, no Estádio da Luz, para fazer a cobertura do Portugal-Escócia, com arbitragem do internacional hungaro, Sandor Pul. O jogo começou com Portugal , efectivamente, a jogar pelos flancos e... GOLO! E foi assim até aos 5-0. Rui Barros marcou 2, Cadete mais 2 e Futre 1.


Grande jogo, grande exibição e a previsão de Carlos Queiroz deu tão certa que, em jeito de brincadeira, no fim, lhe chamei "bruxo".


Não sei se o Prof., era assim que lhe chamavamos, desta vez tem alguma premonição para o jogo com a Bósnia, mas eu gostava que tivesse. E não são precisos 5. Resta-me desejar boa sorte.

Já está. A primeira de muitas "estórias" aqui fica a marcar o meu regresso ao exercício do jornalismo.


Carlos Severino