quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CRISES NO SPORTING - 4 - A GESTÃO DOS MILHÕES


A crise actual de resultados desportivos e financeiros no Sporting leva-me a propor uma reflexão baseada em factos que presenciei e que conduziram o Clube para a situação actual.



O ULTIMATO DE ROQUETE

 José Roquete entrou no Sporting em Maio de 1995, apresentando uma equipa em que o presidente da direcção era Pedro Santana Lopes. O chamado "Projecto Roquete" apresentava, como novidade, uma gestão do património imobiliário onde a receita financeira taparia eventuais prejuízos provocados pelos, sempre imprevisíveis, resultados desportivos. Do projecto imobiliário constavam, nomeadamente, a construção de um novo estádio com uma envolvente comercial a ser explorada pelo Clube, uma Academia de onde era suposto sair anualmente 1 a 2 valiosos craques e ainda a venda dos terrenos do velhinho Alvalade cujo  produto serviria para construir o novo estádio.

Recordo-me de Roquete após ter assegurado a venda dos terrenos do antigo estádio colocar, em Assembleia Geral, uma questão aos Sportinguistas: "temos, neste momento, 10 milhões de contos disponíveis, os quais, se assim o entenderem, servem para comprar uns quantos craques, mas, se for essa a decisão, não contam connosco para isso. Nós somos pelo saneamento das contas do Sporting e pelo rigor na gestão, por isso a decisão é vossa". Perante este cenário, os sócios votaram massivamente no rigor e no saneamento das contas.

Entre aquela declaração e a saída de José Roquete, em 2000 com o Sporting Campeão, passaram pouco mais de 2 anos, tendo até havido, pelo meio, a venda de Simão, ao Barcelona, por mais de 2 milhões de contos. O ex. Presidente foi-se embora por alegada ruptura com Luís Duque, Presidente da SAD por sua escolha,  mas não deixando de vender as suas acções da SAD, 200 mil, com um lucro significativo. No entanto, nos cofres do Sporting já não moravam os tais 10 milhões de contos e as contas não estavam saneadas, antes pelo contrário.

A HERANÇA DE DIAS DA CUNHA

Dias da Cunha, quando assumiu a presidência do Sporting, foi confrontado com a dura realidade de nem um tostão ter para arrancar com as obras do Novo Estádio. Para além do mais teve de assumir os milhões resultantes dos contratos, do tipo "custo-zero" com chorudos vencimentos, que envolveram jogadores como João Pinto, Dimas, Paulo Bento, Bruno Caires e mais uma dúzia de jogadores trazidos por José Veiga com o beneplácito de Luís Duque.

Foram as garantias bancárias, dadas pessoalmente por Dias da Cunha, que acabaram por fazer com que o Sporting fosse honrando os seus compromissos e fosse cumprida a promessa da construção do Novo Estádio e da Academia. Mas, nem mesmo assim foi sustida a veia despesista da SAD, agora com Miguel Ribeiro Teles que nomeado para suceder a Duque apresenta, em 2003, o maior prejuízo de sempre da SAD leonina: quase 30 milhões de euros., com Bettencourt como Director Executivo.

A incapacidade dos diversos dirigentes da SAD para gerir a Sociedade mais importante do Grupo Sporting, atira os números oficiais para um prejuízo de quase 200 milhões de euros, apesar das vendas por valores interessantes de Ronaldo, Quaresma, Nani e agora Veloso e Moutinho, cerca de 70 milhões de euros.

REFLEXÃO FINAL

Não há empresa, instituição, família ou clube que resista a prejuízos permanentes, sem que nada se faça a não ser reformular, sistematicamente, a dívida aumentando o prazo de pagamento e contraindo empréstimos, a juros elevados, para superar a gestão corrente. Não é com compras avultadas de jogadores como Pongolle, só por falar no mais caro, nem no desaproveitamento de jogadores como Varela ou Carlos Martins que brilham nos rivais com o Sporting a não ganhar nada com isso, que se consegue inverter a situação.

José Bettencourt conseguiu, numa época, colocar a SAD com o 2º maior prejuízo de sempre. Para quem teve uma experiência vivida na SAD e no Conselho Directivo durante 7 anos, e 90% dos votos nas eleições, torna-se quase inverosímil que apresente resultados tão exasperantes, com tiros sucessivos nos pés atirando o Sporting para os braços da chacota nacional. Bettencourt encarna hoje os sucessivos equívocos de há muitos anos a esta parte, reconhecidos inclusive por Roquete que muito tempo depois do famígerado PROJECTO assumiu que afinal a salvação do Sporting está no investimento desportivo. Os resultados estão à vista. E afinal já no tempo dos 10 milhões o investimento foi "desportivo". Resultou em 2 títulos e num buraco financeiro sem fim à vista. A dependência de terceiros é hoje tal que dá vontade de perguntar: de quem é agora o Sporting?

Carlos Severino

domingo, 26 de setembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 20 A 26 SETEMBRO




APLAUSO






HULK

É ele e mais dez no FC Porto. Hulk marca a diferença. Faz golos e joga que se farta. Vilas - Boas tem a sorte de contar com Hulk, mas tem o mérito de saber aproveitar o jogador no plano técnico/táctico e, certamente, psicológico.

Hulk está em grande e, por reflexo, o FC Porto está imparável. Este parece ser mais um "Ano do Dragão".





ASSOBIO




LIEDSON

Liedson é a imagem deste Sporting. Sem garra, sem brio, sem futebol que se veja, sem golos e sem pontos.

Liedson já não resolve e o Sporting perde, mais uma vez, o comboio do título. Mais grave, começa-se a ter a sensação de que até um lugar na Europa vai ser difícil de alcançar.

Liedson está em baixa, o Sporting está em baixa, Paulo Sérgio está em baixa. José Bettencourt tem já o seu mandato muito manchado por situações desportivas e financeiras que arrastam o Sporting para um panorama desolador do qual já não se adivinha grande retrocesso.

Carlos Severino

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PAULO BENTO - OS TEMPOS DE LEÃO




Paulo Bento está na ordem do dia pela nomeação para seleccionador nacional. Tem como suporte a passagem pelo Sporting da qual recordo alguns episódios.





EM 2000 CHEGA A ALVALADE

Paulo Bento ingressou no Sporting no Verão de 2000, vindo com outros jogadores que haviam estado no Euro 2000 como J. Pinto e Dimas. Veio no pacote do chamado "custo zero" com que José Veiga inundou Alvalade, fazendo assim valer as "ajudas" dadas a Luís Duque na conquista do campeonato, 18 anos depois da última vitória na principal prova do futebol português.

Paulo Bento sempre foi um atleta de grande entrega ao jogo, e mesmo já na casa dos 30 e com problemas num joelho nunca deixou de ser uma presença constante nos onze do Sporting até terminar a carreira como futebolista, tendo ainda sido campeão em 2002. A sua personalidade e carácter fortes sempre se manifestaram em campo e fora dele. Isso mesmo ficou patente quando após a morte de seu pai se disponibilizou para entrar no relvado para uma partida do campeonato. A sua coragem veio de novo ao de cima quando, em conferência de imprensa, anunciou, com lágrimas nos olhos, o final da sua bonita carreira de jogador.

A ESCOLHA DE DIAS DA CUNHA

Ao contrário de várias versões que já ouvi da sua chegada ao comando técnico do Sporting, posso afirmar, com propriedade, que foi Dias da Cunha quem deu o primeiro passo para Bento ser o treinador que substituía José Peseiro. Para tanto chamou os capitães, na altura, Beto e Sá Pinto, para ouvir o que pensavam sobre a escolha. Sei que os capitães de então deram o seu parecer favorável. Curiosamente, ambos haveriam de sair do Sporting desavindos com Paulo Bento. No entanto, Dias da Cunha renunciou ao mandato como Presidente e seria Soares Franco a apresentar P. Bento como técnico principal.

Nessa altura, por razões de política interna, fui "convidado" a sair, mas ainda tive oportunidade de promover a conferência de imprensa para apresentação de Paulo Bento. No final desejei-lhe boa sorte e notei estar perante alguém que sentia ter uma missão difícil pela frente, mas disposto a encará-la com toda a energia.
Internamente acompanhei o seu desempenho durante mais uns meses, sendo que, em ano de centenário, conseguiu o 2º lugar no campeonato tendo o Sporting ficado apurado para a Champions. Foi, sem dúvida, uma boa prestação.

Acompanhei as restantes épocas por fora e conhecendo bem o Sporting por dentro, fiquei com a sensação que Paulo Bento caiu na tentação "Octaviana" de levar o Clube ao colo, fazendo de treinador, dirigente, homem da comunicação e por aí fora. Provavelmente por que não havia ninguém que o fizesse, mas o desgaste que isso provocou acabou por ter consequências desagradáveis. E apesar do "forever" de JEB, Paulo Bento acabaria por sair pela porta pequena de Alvalade. Mas, tenho a certeza, sabedor de que outras portas se lhe abriam.

AGORA SELECCIONADOR

Convínhamos que apenas treinar 4 anos o Sporting e depois ser o Seleccionador Nacional não é coisa vulgar. Mas Paulo Bento já tem traquejo suficiente, como homem da bola, para saber lidar com as diversas situações que se lhe vão deparar. Claro que não pode ser ingrato a quem lhe deu e dá a mão. No entanto, todos sabemos que vai ser difícil libertar-se de determinadas pressões como fez, por exemplo, Scolari. Mas Scolari foi único e o único.



Resta saber como vai Paulo Bento lidar, por exemplo, com Varela e Carlos Martins, jogadores com quem nunca contou no Sporting e que são hoje valores firmes no Porto e Benfica! A vida tem destas coisas e certamente que Paulo Bento saberá, acima de tudo, defender os interesses da Selecção.

Carlos Severino

domingo, 19 de setembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 13 A 19 SETEMBRO




APLAUSO






CARDOZO

Está de volta o matador. E logo contra o Sporting. Cardozo marcou 2 e até podia ter marcado mais.

O internacional paraguaio não só fez as pazes com os adeptos encarnados, como lhes devolveu a esperança após um início de época muito abaixo das expectativas criadas.



ASSOBIO




PAULO SÉRGIO

Foi audaz em Lile mas temeroso na Luz. Paulo Sérgio não conseguiu tirar partido da motivação ganha pelos jogadores que derrotaram o Lille. Mudou tudo. Mudou de jogadores, mudou a táctica e acabou com o resultado mudado. De uma saborosa vitória "mudou" para a, sempre, pior derrota que é perder com o velho rival. Para além do mais, a luta pelo título está já muito complicada e ainda só se jogaram 5 jornadas.

Carlos Severino

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O MEU ÍDOLO VÍTOR DAMAS




Na passagem do 7º aniversário da morte de um ídolo, amigo e colega, permitam-me, no Sporting, quero partilhar convosco momentos vividos com o GRANDE DAMAS.





DAMAS - UM IDOLO ETERNO

No final dos anos 60, jogava eu nos juniores do Sporting Clube de Pinheiro de Loures, filial do Sporting ainda hoje, despontava em Alvalade um miúdo que de repente aparece como titular das redes dos leões, tirando lugar ao Joaquim Carvalho. O "puto" não enganava. Elegante, seguro e espectacular a defender, o Vítor depressa ganhou a simpatia dos adeptos leoninos. Ao domingo, à tarde, lá estava eu, em Alvalade, a ver o Sporting e o meu ídolo Damas a fazer defesas impossíveis.

Os duelos com Eusébio foram inesquecíveis, embora o Vítor não chegasse para evitar algumas derrotas provocadas por aquele predestinado que sendo Sportinguista haveria de ser "desviado" para o Benfica em, má hora para o Sporting. Também me recordo de numa noite europeia Damas ter defendido 3 ou 4 penalidades que acabaram por não valer, ao abrigo dos novos regulamentos da altura. Foi com o Glasgow Rangers. Na Escócia derrota por 3-2, em casa vitória por 4-3.Toda a gente saiu feliz de Alvalade, mas no outro dia os jornais traziam a má nova.

Ainda estava longe de imaginar que um dia haveria de ser "companheiro" de Damas numa causa comum, o Sporting, quando vi o desespero do atleta, guarda-redes, que se sente impotente para dar a volta aos acontecimentos e agarra na bola desatando a fintar toda a gente para ver se fazia o que os colegas não conseguiam: golo! Foi num jogo com a Académica, que, salvo erro, haveria de ser o derradeiro encontro daquela fase, em 1975, com Damas na baliza do Sporting. Uns dias antes encontrei-o a estacionar o seu carro na Estefânia, em Lisboa, e fiquei ali parado como que a olhar para um Deus. Nada disse. Apenas observei um ídolo meu e de tantos outros, que nem sabia da minha existência, que nem deve ter reparado naquele "miúdo" que estava ali a olhar, embasbacado, para ele.

Damas, contou-me ele mais tarde, chegou a assinar pelo FC Porto, mas João Rocha, o presidente, não o deixou ir. O bom do Vítor foi parar ao Racing de Santander, onde acabou por perder a titularidade na selecção e o estatuto de figura de proa do futebol português. Isto apesar das suas boas exibições em Espanha. Só que o Santander era, e ainda é, um clube sem os pergaminhos dos grandes emblemas espanhóis e portugueses e houve até uma época em que passou  pela 2ª divisão.

Quando regressou a Portugal, Damas jogou ainda no Guimarães e no Portimonense antes de regressar ao seu Sporting. E é no Sporting, onde terminou a carreira de jogador, aos 41 anos, que o vou reencontrar. Agora eu como jornalista, numa altura em que Damas assumiu o comando técnico da equipa principal substituindo Pedro Rocha. Confesso que não o achei simpático. Pareceu-me algo arrogante, desfazendo um pouco a magia que sempre temos daqueles que admiramos e que são inacessíveis. Estávamos em Maio de 1990

Em 1995 fui ao Brasil e toda aquela impressão menos positiva passou. Eu fazia parte de uma equipa de jornalistas que representou o CNID num encontro com a congénere do país irmão. Pois, o seleccionador era o Vítor Damas e o adjunto, Manuel Bento, pois então. Os momentos que partilhei com ele daquela vez, mostrara-me o homem sensível, fraterno, bem-disposto e compincha que jamais imaginava. Foram dias fantásticos, apesar de termos perdido 5-0 no Estádio de Curitiba. Na equipa brasileira despontava esse grande "jornalista" chamado: Paulinho Cascavel!!! Na nossa equipa "despontavam" esses grandes "jogadores" como: Jorge Gabriel, José Carlos Soares, Tito Nascimento, Lobo Pimentel, Paulo Quental, João Paulino e Carlos Boto entre outros.

Em 1998, tive o privilégio de poder partilhar a sua companhia nas instalações do Sporting e no acompanhamento da equipa, então liderada por Carlos Manuel, por esse país fora. Para além de tudo o mais era delicioso assistir aos duelos no final dos treinos, entre Damas e... Paulinho. Ó “sôr” Damas vou-lhe marcar um golo, dizia o Paulinho. Às vezes até marcava. E depois trocavam. O Damas rematava e, às vezes, o Paulinho... defendia. Parecia um mundo perfeito.

No final da época Carlos Manuel foi dispensado, e lá foi Damas fazer de "bombeiro" como técnico principal, numa digressão pelos Açores e pelo norte do Continente. Como homem do futebol, Damas soube gerir um momento muito difícil, com o jogadores saturados e psicologicamente abatidos por uma campanha frustrante, com o Sporting a apurar-se para a UEFA graças a um golo de Vidigal, perante um Belenenses que até desceu de divisão.


Em 98/99 Damas foi "chutado" para o Lourinhã, era a equipa B do Sporting, e depois haveria de ser dispensado pela SAD dirigida por Ribeiro Teles.

No final da época de 2002/03 foi-lhe feita uma homenagem no velhinho Alvalade onde, já muito doente, Damas agradeceu os muitos aplausos que os Sportinguistas lhe tributaram. Nessa altura manifestou o desejo de estar presente na inauguração do Alvalade XXI. Lá esteve no dia 6 de Agosto. Foi a última vez que falamos. Mesmo muito doente não deixou de mostrar uma felicidade enorme por estar na sua "casa".


Mesmo contando com a indiferença e o abandono de dirigentes que nunca o aproveitaram como um verdadeiro símbolo do Sporting, Vítor Damas é daquelas personalidades que da lei da morte se libertou, por feitos e glórias ao serviço do Sporting Clube de Portugal.



Carlos Severino

domingo, 12 de setembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 6 A 12 SETEMBRO



APLAUSO








PINTO DA COSTA



Está tudo sob controlo. Vitórias atrás de vitórias, o treinador certo, a equipa a jogar e a marcar. Para além disso já não há Ricardo Costa na Liga e o presidente desta é o "amigo" Fernando Gomes que até foi aceite por Vieira e JEB. Que mais pode querer Jorge Nuno Pinto da Costa? Talvez a humilhação do grande rival Benfica, digo eu. E até isso está a conseguir. O ano passado foi pura distracção.



Pinto da Costa tem este lado que devia ser um exemplo para outros: o FC Porto é tudo, e tudo é para o FC Porto. Quer se goste ou não, os resultados não enganam.




ASSOBIO







LUÍS FILIPE VIEIRA



Não está a capitalizar o sucesso da época anterior. Vieira parece ter-se distraído, descorando o "combate", com as mesmas armas, que fez na época passada em relação ao grande rival. Já veio a terreiro lançar o aviso, entrevista à SIC,  mas o resultado foi ainda pior: derrota em Guimarães com Benquerença a "ajudar".



O Benfica já perdeu 4 vezes em 5 jogos nas competições nacionais. É o pior começo de sempre dos encarnados. Luís Filipe Vieira já disse "que há uns senhores que se estão a rir"! Pode querer, estão mesmo. Se continuar distraído ainda se vão rir mais.



Carlos Severino

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

QUEIROZ - O DSPEDIMENTO NO SPORTING



Por razões que todos conhecemos Carlos Queiroz vai ser obrigado a deixar o cargo de seleccionador nacional. Em 93 deixou o mesmo cargo batendo com estrondo, mas entrando de imediato no Sporting de onde havia de sair despedido por Santana Lopes.




QUEIROZ VS SANTANA

Na época 95/96 Queiroz inicia a sua 3ª época em Alvalade. Contratado por Sousa Cintra no final de 93, para substituir Bobby Robson, esteve na eminência de levar o Sporting à conquista do título, não fosse aqueles 6-3 do jogo com o Benfica.

Em Maio de 95 Sousa Cintra cede o lugar à equipa de José Roquete que nomeia Santana Lopes como presidente do clube. Ainda em Maio, o Sporting, de Queiroz, ganha a Taça de Portugal. Foi a primeira conquista importante após 13 anos de jejum.

A continuidade de Carlos Queiroz na época 95/96 acabou por ter alguns contornos que marcaram logo um relacionamento entre ele e Santana Lopes que adivinhava uma ruptura mais tarde ou mais cedo. O acerto entre os dois só foi alcançado quando já não parecia possível.

Santana Lopes apoiou-se muito em José Veiga que já havia levado Figo na época anterior, de uma forma muito pouco ortodoxa, com o Sporting a ficar altamente prejudicado quer desportiva, quer financeiramente com o caso. Queiroz não se mostrava nada agradado com os jogadores que PSL contratava como foi o caso de Skuravy, entre outros, e não escondia que não gostava do relacionamento privilegiado de Veiga com Santana Lopes.

AMEAÇA DE DESPEDIMENTO

Às duas por três em Alvalade vivia-se uma situação deveras caricata entre a porta 1, direcção, e a porta 10A, cabinas. O secretário técnico, Carlos Janela, era uma espécie de correio das duas partes, e era vê-lo a subir e descer a calçada à volta do velhinho Alvalade. Os jornalistas que estavam por ali, era o meu caso, não podiam deixar de reparar e metiam-se com Janela que se limitava a um sorriso amarelo.

Em determinada altura antes do final do ano de 95, o Sporting perdeu, em casa, com o Braga, 1 a 0, e tudo levou a crer que Queiroz ia ser despedido. Na manhã seguinte as manchetes dos jornais anunciavam o desenlace que eu já tinha dado na TSF há umas horas. Rebate falso. PSL, com o seu estilo peculiar, com o ar feliz de quem enganou toda a gente, convocou uma conferência de imprensa para comunicar que se tinha aconselhado com a almofada e Queiroz... ia continuar.

A ENTREVISTA FATAL

Passou algum tempo e Queiroz deu uma entrevista na RTP 2 que não foi do agrado de Santana Lopes. Logo constou que o então presidente do Sporting não ficou nada satisfeito e que se preparava para despedir o técnico. A mim foi-me dito, por Fernando Seara, que Carlos Queiroz ia ser despedido após o Benfica - Sporting que se realizava dali a 2 semanas, fosse qual fosse o resultado.

Mesmo portador da informação dada por uma pessoa da minha confiança, não quis arriscar e esperei pelo jogo. O encontro terminou empatado a 0. Após o final da partida, que até teve um bom resultado para os leões, tentei saber se iria ou não haver despedimento. Pelas 2 da madrugada falava com José Veiga que por estar próximo de PSL me podia informar com verdade. Os sorrisos e as hesitações do empresário deixara-me sem certezas e como já era tarde resolvi aguardar pelo dia seguinte.

DESPEDIDO

Queiroz foi chamado a Alvalade, ao meio-dia, para PSL lhe comunicar que estava despedido. Fiquei a saber da notícia pela minha mulher que me disse que a SIC estava a anunciar aquilo que eu já tinha dito, o que me doeu um bocado. Afinal eu tinha tido a informação e não quis arriscar.

Carlos Queiroz deu-me, ainda nesse dia, uma entrevista em sua casa. Já não me lembro do que me disse, mas sei que acabou por receber uma indemnização na casa dos 70 mil contos e passados uns dias rumou até aos States. Já lá vão 20 anos e tanta coisa entretanto se passou.

NOTA FINAL

Quer se goste ou não de Queiroz ninguém pode escamotear todo um trabalho ao longo de 30 anos, com momentos altos como foram os 2 títulos Mundiais de sub-20 e a presença no Mundial na África do Sul. É certo que falhou a grande oportunidade no Real Madrid, mas já trabalhou em quase todo o Mundo, esteve algum tempo como 1º adjunto no Manchester United com bastante sucesso. Queiroz não é um homem do sistema, mas também não se tem demarcado dele. Mesmo assim, o sistema "fez-lhe a cama" através de porta-vozes que fizeram o "trabalho sujo" para a verdadeira cabeça do polvo poder, na sombra, obter o que pretendia.

Carlos Severino

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 30 AGOSTO A 5 SETEMBRO




APLAUSO







DAVID LUÍZ



A titularidade de David Luíz na "canarinha" é algo de notável de um jovem que veio para o Benfica como um ilustre desconhecido, mas que sempre fez pela vida.



David Luíz é de facto um óptimo jogador, cheio de garra apimentada com alguma irreverência, que às vezes transborda para a agressividade. A juventude e qualidade do central do Benfica ddão a garantia de que a equipa treinada por Jesus tem ali um atleta de grande craveira mas, por isso mesmo, pode ser difícil segurá-lo por muito mais tempo.
Por agora David Luíz está em grande e mantêm-se de águia ao peito e titular da selecção do Brasil.






ASSOBIO





SELECÇÃO A



Não se sabe se o empate com Chipre deriva do momento caricato, surreal, absurdo, mesmo patético que está a ser vivido com o famígerado caso Queiroz como pano de fundo, mas mesmo assim não há razão plausível para um resultado daqueles.



Não se compreende como Bruno Alves, Miguel e Raúl Meireles falharam de maneira tão infantil nas situações que acabaram por originar os golos cipriotas.



Com tudo o que está em jogo, é lamentável que uma selecção, que está no top - ten Mundial, seja tratada como se fosse uma coisa de amadores, com gente com grandes responsabilidades a pôr gasolina onde o fogo já está mais que ateado.



Com tudo o que está a acontecer, dá a sensação que há ajustes de contas pessoais entre o Laurentino Dias, Luís Horta e Amândio de Carvalho com Queiroz. Ou então será que eles são os porta-vozes de quem domina os grandes interesses do futebol em Portugal? Escusavam era de colocar a ridículo o futebol português!



Carlos Severino