O FIM DOS DIAS DE GLÓRIA
É legítimo que Nuno Gomes, agora com 35 anos, queira continuar a jogar, como foi legítimo o desejo de Eusébio em continuar a calçar as chuteiras para além do Benfica. Foi legítimo Manuel Fernandes, depois de se sagrar o melhor marcador do campeonato com 36 anos, querer continuar a marcar golos só que teve de o fazer fora de Alvalade. E aconteceu com Oceano e tantos outros.
Como na vida há um tempo para tudo e no futebol o passar dos anos retira muito da condição física ideal para a prática da modalidade ao mais alto nível. Não pode haver dúvidas de que é preciso, por vezes, perceber que se tem de colocar um ponto final antes que outros o façam por nós.
Quando achamos que há ingratidão e má vontade daqueles que até nos aplaudiram e elogiaram um dia, é possível que tenhamos razão, mas é preciso também perceber as razões deles. No entanto, nem sempre é possível conciliar vontades e no caso de Nuno Gomes não, foi de todo, conseguido um acordo prestigiante para ambas as partes.
No fundo as duas partes têm as suas razões, mas não deixa de ser lamentável que figuras como as citadas neste escrito, não terminem as suas carreiras nos clubes que os engrandeceram e que eles prestigiaram. Atletas e dirigentes ainda não encontraram a formula que usa e usou o Milan. Maldini, Baresi e outros foram preservados no clube milanês até ao fim, aos 40 e tal, e com bons resultados. Ninguém deu um pontapé em ninguém e a imagem para o exterior foi de acordo com a grandeza de um grande clube. A isto chama-se mística.
Já agora, boa sorte Nuno.
Carlos Severino