domingo, 26 de dezembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - ANO 2010




APLAUSO
Para todos aqueles que ainda lutam para que o Futebol seja um jogo que reflicta a verdade desportiva e que deixe de ser a ilusão que está a matar a "galinha dos ovos de ouro".




ASSOBIO



Para os mercenários que, tal como os que influenciaram e influenciam a vida de todos nós, fazem do Futebol uma rampa para benefício deles próprios, matando o crédito de uma modalidade onde meia dúzia domina a generalidade, com os efeitos que se conhecem.

PARA QUANDO UM WIKILEAKS NO FUTEBOL?

BOAS FESTAS

Carlos Severino

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

COUCEIRO, 13 ANOS DEPOIS

José Couceiro está de volta ao Sporting depois de por lá ter passado durante um ano, sem ter conseguido evitar uma das crises que, desportivamente e não só, tem semelhança com o que se passa actualmente. Esse período coincidiu com os meus primeiros tempos como colaborador do Sporting.



ESPERANÇA E DESILUSÃO

José Couceiro entra no Sporting em Dezembro de 97, depois de ter passado alguns anos como Presidente do Sindicato de Jogadores. Foi apresentado por José Roquete como: "Homem do Século"! Couceiro representava a modernidade e a esperança na retoma de um Sporting que há 16 anos cumpria um jejum forçado no que respeita a Títulos nacionais.

A entrada de Couceiro coincide com a saída de Cantatore, treinador chileno que esteve em Alvalade pouco mais de 15 dias, que apontou, na saída, os dirigentes leoninos como "gente maluca"!

A primeira tarefa de José Couceiro foi arranjar uma equipa técnica que pegasse de imediato na formação leonina. E foi o que fez. Carlos Manuel treinava então o Salgueiros e a equipa de Paranhos estava a ter um comportamento muito meritório no campeonato. Couceiro apostou em Carlão que trouxe consigo toda a sua equipa técnica de então.

Numa manhã de nevoeiro Carlos Manuel lá começou a laborar em Alvalade, acompanhado por Agatão, Madureira e Manuel Pedrosa. Havia muitos adeptos no topo sul do velhinho estádio que deram, com entusiasmo e carinho, as boas-vindas ao novo treinador. Mas, apesar da expectativa numa recuperação, o Sporting não fazia bons resultados e o ambiente foi-se degradando.

José Couceiro bem se desdobrou em conferências de imprensa para tentar atenuar a onda de críticas na comunicação social que, por sua vez, se estendia a um mau estar latente nos adeptos. Foi nessa altura que após diversas conversas, algumas das quais com Couceiro, se deu a minha entrada no Sporting.

Com o acordo do então Director Geral para o Futebol e de Carlos Manuel, estabeleci novas regras para a comunicação social, com os jornalistas a terem condições de trabalho durante os treinos e a poderem falar com 2 jogadores no final dos aprontos. Quando tudo parecia correr bem, os resultados voltaram a piorar e, por indicações superiores, lá ficou mais dificultada a tarefa dos profissionais da comunicação.



Como reforço da equipa entraram em Março, nesse tempo ainda era possível fazer inscrições até ao final do mês 3, Edmilson, estava no PSG, por700 mil contos, Renato e Leão, Salgueiros, por cerca de 400mil contos, e ainda Ivo Damas, do Maia, por 200 mil contos.



No princípio de Abril o ambiente era de cortar à faca. No balneário havia grande descontentamento. Oceano, Barbosa e Beto estavam de costas viradas para Carlos Manuel, uma situação que rapidamente passou para os jornais e tudo se precipitava. O Sporting andava no 5º lugar e estava em risco de nem garantir a Europa. José Couceiro já não tinha mão na situação. Paulo Abreu assumia internamente a viragem, mas sem José Couceiro. Abreu tinha na manga o regresso de Carlos Janela que havia deixado o Clube no final do ano anterior.

O jogo em que o Sporting assegurou a Europa, foi com o Belenenses. Vidigal, com um pontapé do meio da rua, garantiu a vitória leonina, o 4º lugar no campeonato e a participação na Taça UEFA. Mas nem esta vitória foi suficiente para segurar Carlos Manuel. Couceiro ficou fragilizado, mas não saiu.

Na pré-temporada de 98/99 a situação de José Couceiro era complicada, apesar de ainda ter feito a recepção a Jozic numa altura em que o secretário técnico era o saudoso, e meu grande amigo, Aragão Pinto.

Já com Paulo Abreu a liderar a SAD, deu-se o regresso de Janela que, com a ajuda do professor Rui Oliveira, preparou a entrada de reforços como: Shmeichel, Dusher, Quiroga, Hanuch, Kmet, Delfim e Ayew e as saídas de Oceano, Paulo Alves e Pedro Martins entre outros.

De Agosto até à saída, no final de 98, José Couceiro foi preparando o seu futuro, acabando por ingressar no Alverca de Luís Filipe Vieira que na altura tinha em Pinto da Costa um amigo do peito.

NOTA FINAL

Passados 13 anos José Couceiro regressa ao Sporting precisamente com o mesmo cargo que havia tido. A situação nos leões, em termos desportivos e "guerras internas", é idêntica à do final de 97, mas Couceiro tem na bagagem uma vivência no futebol incomparavelmente maior. Se ainda se recordar da complexidade que é a estrutura do Sporting, agora com mais cargos de poder, e conseguir agregar sinergias junto dos colaboradores, desde os mais humildes, pode ser uma mais – valia. No entanto, estará sempre dependente dos resultados desportivos.

Carlos Severino

domingo, 19 de dezembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 13 A 19 DEZEMBRO





APLAUSO





PEDRO CAIXINHA

Numa semana em que também o Beira Mar de Luís Jardim esteve em alta, a União de Leiria, treinada por Pedro Caixinha, consegue chegar ao 3º posto, à condição (tem menos 1 jogo que o Sporting), o que é um feito fantástico após mais uma vitória expressiva desta vez no terreno da Naval.

Pedro Caixinha, que esteve no Sporting na equipa técnica de José Peseiro, saiu do quase anonimato para se cotar como uma boa revelação na sua primeira experiência como técnico principal na 1ª Liga.

Caixinha agarrou a oportunidade com as 2 mãos e, com jogadores quase desconhecidos, está a fazer um trabalho digno de registo, logo de APLAUSO.




ASSOBIO




JOSÉ BETTENCOURT

Já nem há espaço para mais comentários dando nota do desnorte que vai por Alvalade. A equipa de futebol está numa fase de afundanço total; a comunicação de Paulo Sérgio, Costinha e JEB tem sido um desastre total; as finanças estão pela hora da amargura; as perspectivas de alteração da situação não são nenhumas!

As declarações de JEB nos Stromp são a negação total do assumir de responsabilidades, o que se torna ainda mais grave quando  imputa às críticas de adeptos, jornalistas e por aí fora "culpas" pelo actual estado das coisas!

Já não há pachorra para ouvir tanta verborreia. No mínimo, e até por uma questão dignidade, JEB devia fazer o mea - culpa que se impõe e deixar de se desculpar com os outros. E, em nome do Sporting, sair. Ninguém é obrigado a nascer para ser Presidente! Bettencourt não sabe o que diz quando afirma que está a aguentar o barco porque não há soluções milagrosas senão já teria saído! Por este andar nem milagrosas nem quaisquer outras.

Carlos Severino

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

AS "PARTIDAS" DO VITÓRIA... EM ALVALADE


A propósito dos jogos com o Vitória, lembro-me que na minha passagem pelo Sporting o V. Setúbal esteve ligado a uma tarde negra no velhinho Alvalade e, logo a seguir, a uma noite, também, negra no novíssimo Estádio.



A FESTA DA DESPEDIDA

No dia 25 de Maio de 2003, o Sporting disputou o último encontro oficial no Estádio onde jogava desde 1956. Estava preparada uma festa a condizer com o definitivo adeus.

Ainda Campeão em título, o Sporting acabava a temporada numa 3ª frustrante posição e por isso, apesar da anunciada festa, apenas compareceram 24000 adeptos para presenciar um encontro com o já despromovido Vitória de Setúbal.

A Festa da despedida começou animada com um jogo de velhas - guardas, que fizeram as delícias dos presentes, comigo a relatar para o estádio identificando os protagonistas que embora mostrassem os seus dotes já apresentavam um físico diferente de quando jogavam a sério. Lembro-me que Manuel Fernandes e Oliveira participaram. Mas quem se mostrou em melhor forma foi o Nélson, dos anos 60/70, que já com 60s fez um jogão.

Para o final do jogo com o Setúbal estava reservado o prato forte da festa, com o desfile de muitos símbolos da heróica saga Sportinguista. Desde campeões de diversas modalidades como ciclismo, atletismo, hóquei-patins, automobilismo, basquetebol e outras, até à maioria dos componentes da equipa de futebol que conquistou a Taça das Taças todos marcaram presença.

ÚLTIMO JOGO COM DERROTA

A tarde estava fria e não aqueceu com o resultado do jogo Sporting – Setúbal. As coisas começaram mal. Apesar de no Sporting jogarem Quaresma, J. Pinto, Jardel e Cristiano Ronaldo foi o Vitória marcou logo aos 13 minutos, por Mayong que já nos descontos havia de marcar de novo para desfazer uma igualdade a 3 golos. Pois é, o Sporting perdeu por 4-3 e se a tarde estava fria, com aquele resultado ficou gelada. Os adeptos nem quiseram mais saber do programa de encerramento do palco onde viveram, também, muitas alegrias e desataram a ir embora.

Como apresentador da suposta festa, ainda tentei provocar, no bom sentido, os adeptos para ver se ficavam para assistir ao desfile dos heróis do passado. Nada feito. Tudo aquilo foi um autêntico fiasco. Se há alturas em que nos apetece desaparecer aquela foi uma delas. Carlos Lopes, Joaquim Agostinho (representado pelo filho), Mamede, Marco Chagas e os vencedores da Taça das Taças, entre outros, acabaram por desfilar na mesma para os poucos que aguentaram firme. Mas foi penosa a situação.

MAIS UMA "PARTIDA", AGORA NA TAÇA

Foi a 17 de Dezembro de 2003. Jogava-se a 5ª eliminatória da Taça. O jogo foi à noite no novíssimo Alvalade. O Vitória disputava a Liga de Honra e era treinado por Carvalhal. O Sporting, sob o comando de Fernando Santos, era claramente favorito. Mas o impensável aconteceu. Os leões foram eliminados ao perderem por 1-0, golo de Jorginho, e o novo Alvalade (con)gelou. Ser eliminado, em casa, por um clube da Liga de Honra é, sem dúvida, um grande desastre. Na minha condição de profissional da comunicação ao serviço do Sporting, foi das situações mais constrangedoras que vivi.

NOTA FINAL


Se há clubes que marcam a minha memória por acontecimentos que gostava de não ter vivido no Sporting, o Vitória de Setúbal é um deles. Isso mostra que mesmo em circunstâncias desfavoráveis não à que voltar a cara. Embora me tenha doído muito, não posso deixar de mostrar o meu apreço por uma colectividade que faz parte da história do futebol português e que é, actualmente, treinada por um grande símbolo vivo do Sporting: Manuel Fernandes.

domingo, 12 de dezembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - 6 A 12 DEZEMBRO




APLAUSO






MANUEL FERNANDES

Um dos maiores símbolos vivos do Sporting, que não tem sido devidamente aproveitado por quem dirige os destinos dos Leões, mostrou, com o Vitória de Setúbal, como se ganha com jogadores que custam 80% menos de que os do Clube do coração.

Manuel Fernandes é um senhor do futebol, com uma entrega total a quem serve. Certamente que estaria disponível para o fazer no Sporting, mas como tem sido impedido de o fazer aí está o “Manel” a mostrar a sua competência num jogo com, não contra, o Sporting que, depois do Campeonato, diz adeus à Taça.



ASSOBIO




PAULO SÉRGIO

Ainda não chegámos ao Natal e, nas competições internas, o Sporting só pode sonhar com a Taça da Liga.
Ao ser eliminado da Taça de Portugal pelo Vitória de Setúbal, o Sporting caminha a passos largos para mais uma frustrante época.

Paulo Sérgio não conseguiu corresponder às esperanças propaladas pelos dirigentes leoninos, e vai, num caminhar penoso, atirando o Sporting para os braços da descrença e do desânimo que paira nos adeptos Sportinguistas.

A Liga Europa é a única prova onde o Sporting pode garantir algum prestígio, embora seja preciso uma postura bem mais acutilante do que a equipa apresenta actualmente.

A missão de Paulo Sérgio está cada vez mais dificultada. A derrota em Setúbal veio adensar, ainda mais, o clima "gelado" que se vive em redor da equipa e do Clube.

Carlos Severino

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

BENFICA A JOGAR À PORTO

Há dias ouvi Carlos Carvalhal a falar de Artur Jorge, referindo o episódio em que o então técnico do Benfica disse que gostaria de ver a sua equipa a jogar à Porto. O "culpado" fui eu.

ENTREVISTA NO ESTÁDIO DA LUZ

Foi na época 94/95. O Benfica estava na Liga do Campeões e ia jogar a Milão. Um colega, da redacção da TSF-Porto, pediu-me que entrevistasse o Artur Jorge para que o técnico fizesse uma apreciação sobre o bom momento do FC Porto, treinado por Boby Robson. Isto porque estava a fazer um trabalho com ex. treinadores dos dragões.

Estava-se num domingo, e após o treino foram divulgados os convocados para Milão. Na sala de imprensa da antiga Catedral, após a conferência de imprensa a anteceder o jogo com o Milan, pedi a Artur Jorge para me dar uma pequena entrevista sobre um assunto que nada tinha a ver com o jogo da Champions.

BENFICA A JOGAR À PORTO

Antes de começar a gravar a entrevista, enquadrei A. Jorge com o que pretendia, longe de imaginar a resposta que marcaria um momento que ainda hoje é relembrado. Tudo por que, a determinada altura na apreciação ao FC Porto, o então treinador encarnado disse: " trata-se de uma equipa que joga em ataque continuado, sendo um autêntico harmónio que não nos deixa perceber se está a atacar ou defender". A pergunta que se impunha foi feita: " é assim que quer pôr o Benfica a jogar?". A resposta foi clara: "claro que é assim que pretendo que o Benfica jogue e estamos a trabalhar para isso". Na essência foi este o diálogo entre mim e Artur Jorge, mas que só foi para o ar uns dias depois.

JOGO EM MILÃO

O Benfica viajou no dia seguinte para Milão e eu fui no mesmo avião que a comitiva encarnada, em representação da TSF.
Entendi que não devia divulgar aquelas declarações antes de um importante jogo como aquele com o Milan, até porque sabia as afirmações de Artur Jorge iriam causar grande polémica, e decidi torná-las públicas apenas após o encontro em Milão.

A BOMBA REBENTOU

O jogo foi a uma quarta-feira, o Benfica perdeu por 2-0, e a "bomba" apenas surgiu na sexta-feira, na antena da TSF, nos noticiários, a partir das 7 da manhã, apresentados por Sena Santos.
Lembro-me bem desse dia já que a notícia se tornou, rapidamente, num acontecimento Nacional.

Confesso, ao aperceber-me do impacto que a notícia teve, que fiquei com o estranho sentimento, não de culpa porque afinal Artur Jorge disse o que disse, de um poder que pode ser perigoso e mexer com a vida das pessoas, como foi o caso. Os adeptos não perdoaram e Artur Jorge não ficou muito mais tempo na Luz, uma vez que os resultados também não ajudaram.

NOTA FINAL

Os Media são, de facto, um poder que ninguém pode subestimar. A Comunicação Social pode ser o melhor meio para passar as mensagens, ou o pior. Tudo depende de como se passa aquilo que se pretende transmitir. No futebol assiste-se, muitas vezes, a autênticos tiros nos pés.

Carlos Severino

domingo, 5 de dezembro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 29 NOVEMBRO A 5 DEZEMBRO





APLAUSO





NELO VINGADA

Nunca o escondi. Nelo Vingada é o treinador que gostava de ter visto a treinar o Sporting na fase da aposta na formação. Reconheço em Nelo Vingada qualidades que se encaixavam perfeitamente nos objectivos que José Roquete traçou aquando da apresentação do então projecto Academia: "Gerar um ou dois craques por época para colocar no mercado, satisfazendo as necessidades financeiras e desportivas do Clube".

Sem oportunidades consistentes em Portugal, Vingada tem conseguido mostrar a sua grande qualidade como treinador, a Oriente. Depois de outras conquistas agora conseguiu o feito de levar o FC Seoul a vencer a K-League. O emblema coreano há 10 anos que andava arredado do Título.

Sem favor nenhum, aqui vai o APLAUSO desta semana para alguém que por estar fora dos meandros do "Sistema", tal como Manuel José, tem de mostrar os seus dotes bem longe da Pátria.

Parabéns Profe.




ASSOBIO



BETTENCOURT VS JOSÉ EDUARDO

O comunicado da SAD do Sporting, a repudiar a intenção de José Eduardo (ex. Jogador e parceiro comercial), foi a forma de valorizar, substancialmente, e aumentar a curiosidade sobre as ideias de uma gestão que dê um rumo ao futebol leonino.

O comunicado assinado pela equipa liderada por José Bettencourt, revela uma postura temerária perante a intenção de um sócio do Clube apresentar um documento que até se pode mostrar útil para o actual elenco directivo.

O espanto ainda é maior quando no referido documento se pode ler que os actuais dirigentes pugnam pela defesa dos interesses do Sporting. Ora isso faz supôr que as ideias de José Eduardo para o futebol Sportinguista não defendem o bem do Clube?!

Os factos não desmentem. O actual estado do futebol do Sporting nada tem de recomendável e está muito longe de defender os seus interesses. José Eduardo quer contribuir para melhorar o actual estado das coisas. Que mal há nisso? Os fantasmas em Alvalade são mais que muitos! Por que será?

Carlos Severino

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

NA FIFA, DEBAIXO DA MESA



A propósito da cerimónia relativa à escolha do organizador do Mundial de 20018 que teve lugar na Sede da FIFA, lembrei-me da minha passagem por lá em 95. Estive em Zurique, em reportagem, qual contorcionista, dando em primeira mão o acordo Benfica - Sporting por Paulo Sousa, em condições hilariantes.




REPORTAGEM DEBAIXO DA MESA

Foi já na parte final de 95 quando Sporting e Benfica foram chamados à FIFA para se entenderem sobre o jogador Paulo Sousa.


Paulo Sousa vestia então a camisola do Sporting desde o chamado "Verão quente" de 93, tendo saído do Benfica alegando salários em atraso. O Benfica recorreu às diversas instâncias e numa fase em que tudo se parecia precipitar para a condenação do Sporting. Era o que se falava, embora corresse outra versão de que os leões nada tinham de pagar.

O caso fez correr muita tinta e levou a que os Presidentes dos dois emblemas rivais fossem chamados à FIFA, para se entenderem.

Santana Lopes, pelo Sporting, e Manuel Damásio, pelo Benfica, lá viajaram para Zurique a fim de serem recebidos pelo então Presidente João Havelange. Como não podia deixar de ser, a TSF esteve presente designando-me como repórter de serviço nesse acontecimento.



Em plena sede da FIFA chegou a hora da conferência de imprensa, que se realizou numa sala com sofás e uma mesinha no meio. Ora eu para fazer a reportagem em directo, através de telemóvel, precisava de colocar o aparelho perto das bocas dos intervenientes. Mas havia um problema: não podia ficar à frente das câmaras de televisão! Então pedi a Havelange se não se importava que eu me deitasse debaixo da tal mesinha de sala. Simpaticamente, o Presidente da FIFA autorizou aquele "desenrascanso" e lá tive oportunidade de dar, em primeira mão, para todo o Portugal, o acordo do Sporting em pagar ao Benfica 650 mil contos, com as reacções dos participantes e tudo.


Confesso que não tinha a noção do que tinha saído na Rádio. Quando cheguei a Portugal, fui direito a uma festa da TSF, no restaurante Mónaco, ali para os lados da Marginal. Aí tive a certeza de que tudo saíra bem. David Borges, como director, e Emídio Rangel, como fundador da TSF, deram-me um grande abraço e felicitaram-me pelo trabalho realizado (debaixo da mesa, na Sede da FIFA).


A Rádio tem destas vantagens.


Carlos Severino