quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

COUCEIRO, 13 ANOS DEPOIS

José Couceiro está de volta ao Sporting depois de por lá ter passado durante um ano, sem ter conseguido evitar uma das crises que, desportivamente e não só, tem semelhança com o que se passa actualmente. Esse período coincidiu com os meus primeiros tempos como colaborador do Sporting.



ESPERANÇA E DESILUSÃO

José Couceiro entra no Sporting em Dezembro de 97, depois de ter passado alguns anos como Presidente do Sindicato de Jogadores. Foi apresentado por José Roquete como: "Homem do Século"! Couceiro representava a modernidade e a esperança na retoma de um Sporting que há 16 anos cumpria um jejum forçado no que respeita a Títulos nacionais.

A entrada de Couceiro coincide com a saída de Cantatore, treinador chileno que esteve em Alvalade pouco mais de 15 dias, que apontou, na saída, os dirigentes leoninos como "gente maluca"!

A primeira tarefa de José Couceiro foi arranjar uma equipa técnica que pegasse de imediato na formação leonina. E foi o que fez. Carlos Manuel treinava então o Salgueiros e a equipa de Paranhos estava a ter um comportamento muito meritório no campeonato. Couceiro apostou em Carlão que trouxe consigo toda a sua equipa técnica de então.

Numa manhã de nevoeiro Carlos Manuel lá começou a laborar em Alvalade, acompanhado por Agatão, Madureira e Manuel Pedrosa. Havia muitos adeptos no topo sul do velhinho estádio que deram, com entusiasmo e carinho, as boas-vindas ao novo treinador. Mas, apesar da expectativa numa recuperação, o Sporting não fazia bons resultados e o ambiente foi-se degradando.

José Couceiro bem se desdobrou em conferências de imprensa para tentar atenuar a onda de críticas na comunicação social que, por sua vez, se estendia a um mau estar latente nos adeptos. Foi nessa altura que após diversas conversas, algumas das quais com Couceiro, se deu a minha entrada no Sporting.

Com o acordo do então Director Geral para o Futebol e de Carlos Manuel, estabeleci novas regras para a comunicação social, com os jornalistas a terem condições de trabalho durante os treinos e a poderem falar com 2 jogadores no final dos aprontos. Quando tudo parecia correr bem, os resultados voltaram a piorar e, por indicações superiores, lá ficou mais dificultada a tarefa dos profissionais da comunicação.



Como reforço da equipa entraram em Março, nesse tempo ainda era possível fazer inscrições até ao final do mês 3, Edmilson, estava no PSG, por700 mil contos, Renato e Leão, Salgueiros, por cerca de 400mil contos, e ainda Ivo Damas, do Maia, por 200 mil contos.



No princípio de Abril o ambiente era de cortar à faca. No balneário havia grande descontentamento. Oceano, Barbosa e Beto estavam de costas viradas para Carlos Manuel, uma situação que rapidamente passou para os jornais e tudo se precipitava. O Sporting andava no 5º lugar e estava em risco de nem garantir a Europa. José Couceiro já não tinha mão na situação. Paulo Abreu assumia internamente a viragem, mas sem José Couceiro. Abreu tinha na manga o regresso de Carlos Janela que havia deixado o Clube no final do ano anterior.

O jogo em que o Sporting assegurou a Europa, foi com o Belenenses. Vidigal, com um pontapé do meio da rua, garantiu a vitória leonina, o 4º lugar no campeonato e a participação na Taça UEFA. Mas nem esta vitória foi suficiente para segurar Carlos Manuel. Couceiro ficou fragilizado, mas não saiu.

Na pré-temporada de 98/99 a situação de José Couceiro era complicada, apesar de ainda ter feito a recepção a Jozic numa altura em que o secretário técnico era o saudoso, e meu grande amigo, Aragão Pinto.

Já com Paulo Abreu a liderar a SAD, deu-se o regresso de Janela que, com a ajuda do professor Rui Oliveira, preparou a entrada de reforços como: Shmeichel, Dusher, Quiroga, Hanuch, Kmet, Delfim e Ayew e as saídas de Oceano, Paulo Alves e Pedro Martins entre outros.

De Agosto até à saída, no final de 98, José Couceiro foi preparando o seu futuro, acabando por ingressar no Alverca de Luís Filipe Vieira que na altura tinha em Pinto da Costa um amigo do peito.

NOTA FINAL

Passados 13 anos José Couceiro regressa ao Sporting precisamente com o mesmo cargo que havia tido. A situação nos leões, em termos desportivos e "guerras internas", é idêntica à do final de 97, mas Couceiro tem na bagagem uma vivência no futebol incomparavelmente maior. Se ainda se recordar da complexidade que é a estrutura do Sporting, agora com mais cargos de poder, e conseguir agregar sinergias junto dos colaboradores, desde os mais humildes, pode ser uma mais – valia. No entanto, estará sempre dependente dos resultados desportivos.

Carlos Severino