terça-feira, 29 de novembro de 2011

SPORTING E BENFICA 'ALIADOS' DE PINTO DA COSTA



Os anos passam e os dirigentes de Benfica e Sporting continuam a escorregar na fácil tentação de se hostilizarem como velhos inimigos, esquecendo-se que assim se enfraquecem servindo as pretensões de um potencial interessado que acaba por reinar com muito mais facilidade.

Claro que falo do FCPorto e do seu Presidente. Pinto da Costa, astuto, sabe bem como tirar proveito destas guerras intestinas dos rivais de Lisboa. É só olhar para os resultados desportivos e económicos dos Dragões nos últimos 30 anos e logo se percebe como o Homem do Norte retira dividendos desta peleja que mais não é do que o fruto apodrecido de uma relação que, infelizmente para os clubes (Sporting e Benfica), lhes retira a força que juntos teriam no controlo das instâncias de poder no futebol português e no negócio futebol.

É histórico, sempre que há uma aproximação estratégica entre os dois clubes, logo uns quantos 'iluminados', dos dois lados, teimam em servir de bandeja os desígnios de PC, sem que o líder portista precise de se mexer muito. Os ditos encarregam-se de o fazer, usando discursos demagógicos que recolhem uns quantos adeptos que mais não vêem do que uma rivalidade total e doentia entre Leões e Águias. Não há nada a fazer. Enquanto PC se mantiver à tona e não houver dirigentes que consigam dar um murro na mesa dizendo não ao fácil desentendimento entre os rivais de Lisboa, tudo se vai manter na mesma, ou seja: "em terra de cegos" manda quem sabe. E quem sabe, é claro, é Jorge Nuno.

Carlos Severino

domingo, 20 de novembro de 2011

O 'FAVOR' de EMANUEL a Pinto da Costa

Vítor Pereira, treinador do FCPorto, está há muito na corda bamba à frente dos dragões. A aposta de Pinto da Costa para substituir Villas - Boas não tinha, e ainda não tem, estatuto para herdar uma equipa que ganhou tudo na época anterior.

Não foi a derrota na Académica que condena Vítor Pereira à saída do FCPorto. Há muito que se adivinha que o técnico não tem condições para conduzir a equipa portista. Não tem percurso; não tem estatuto; não tem perfil para comandar um conjunto de jogadores que já ganhou muita coisa. Pode ser espectacular a preparar a equipa físicamente. Pode dar as melhores das tácticas mas, é patente, não consegue levar os jogadores a serem uma equipa, a lutarem como um conjunto!

Contas feitas, e apesar do FCPorto liderar o campeonato, Vítor Pereira vai sair do dragão a breve prazo.
Pedro Emanuel, que está na esfera portista,  'deu uma grande ajuda' a Pinto da Costa. Mas não se pense que o técnico vai ser escorraçado. PC sabe tratar destes assuntos como ningúem. E vai tratar, issso é tão certo como o a Terra ser redonda. 


Carlos Severino

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ELEIÇÕES FPF - TUDO PELA ARBITRAGEM

Quando tudo parecia encaminhado para um consenso alargado para Fernando Gomes ser o futuro presidente da FPF, eis que surge Carlos Marta na jogada com muitas hipóteses de vencer. Tendo em conta a nova metodologia de eleição -1 delegado 1 voto -  com as Associações Distritais a terem ainda um grande peso,  e com os sinais dados, por exemplo pela AFPorto através do seu presidente, Lourenço Pinto, tudo fica mais claro. Afinal quando Pinto da Costa assumia que o FCPorto não votava em políticos para a FPF, estava apenas  a vetar a possibilidade de Fernando Seara avançar. Por isso socorreu-se, através de  Joaquim Oliveira,  do inimitável Soares Franco para apalpar o terreno. O ex presidente do Sporting, ingenuamente, prestou-se a fazer figura de marioneta que nem sequer o apoio do Sporting tinha.

 Com o previsível aparecimento de Fernado Gomes tudo parecia resolvido, já que era visível haver unanimismo nos apoios recolhidos. Na arbitragem continuaria Vítor Pereira.  Porto, Benfica e Sporting estavam com o actual presidente da Liga. Mas... tam, tam , tam tam... Luís Duque, homem forte do futebol leonino, veio apoiar Carlos Marta, o que levou opresidente do Sporting, Godinho Lopes, vir a terreiro dizer que o Clube mantém o apoio a Fernando Gomes porque "nos leões é a voz do presidente que representa o clube"! Pelos vistos Duque aceitou a reprimenda, pelo menos para já, mas nota-se que há uma estratégia pública/privada.  Na candidatura de Marta, o Conselho de Arbitragem é liderado por Luís Guilherme, actual presidente da APAF.

 E é nas duas listas para o pelouro mais desejado - a arbitragem - que se vai decidir a contenda para o cadeirão da FPF. Percebe-se que Pinto da Costa já não vê Vitor Pereira, o actual presidente da arbitragem, com bons olhos. Duque, pelos vistos, também não. Sobra o Benfica. Aqui chegados, bem se percebe onde está a guerra: Porto vs Benfica, claro está.  Se Marta avançou é porque tem algumas garantias de peso. Tem, por exemplo, Seara na presidência da AG, o que não deixa de baralhar dada a conotação benfiquista do actual edil de Sintra!  Neste braço de ferro Vieira/P. Costa se vai saber quem está com mais preponderância junto dos diversos agentes desportivos que representam a assembleia eleitoral da FPF. O Sporting pode estar em boa posição para desempatar e ganhar relevancia nos centros de decisão do futebol dos quais há muito anda arredado. Dia 10 de Dezembro tudo ficará resolvido, ou talvez não.

Carlos Severino

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PENAFIELGATE: Cheque, Mentiras e Escândalo na Arbitragem

Na tarde de 10 de Novembro de 1990 rebentou a “bomba”, em Penafiel. Nomeado para arbitrar o encontro entre Penafiel e Belenenses, Francisco Silva não entrou em campo. Quem apareceu para arbitrar o jogo foi outro juiz: Fortunato Azevedo, de Braga! Rapidamente se espalhou a notícia de um escândalo que envolvia diversos agentes desportivos. Ressaltava Francisco Silva como o receptor de um alegado cheque de 2000 contos – o ex árbitro garante: “não houve cheque nenhum” –, alegadamente entregue pelo presidente dos donos da casa, Manuel Rocha, para pagamento de ‘favores’. Lourenço Pinto, ao tempo presidente do Conselho de Arbitragem, assumiu-se como o, alegado, ‘descobridor’ da tramóia, aparecendo na cabina dos árbitros a pedir que Xico Silva lhe entregasse a prova do ‘crime (o cheque)!

Primeiro na cabina dos árbitros

Mas afinal o que aconteceu. João Batista repórter presente no jogo, entrou na cabina com a equipa de arbitragem para fazer um pedido logístico. “ Na cabina não vi nada. Nada de nervosismo da parte de Francisco Silva e dos seus companheiros [Arménio Estorninho e António Pincho]. O que eu vi foi o árbitro Fortunato Azevedo chegar ainda antes de Francisco Silva. Vinha num Mercedes que estava cheio de gente, e estacionou a viatura perto das cabinas do estádio. Reparei ainda que o presidente do Penafiel [Manuel Rocha] andava no corredor junto às cabinas, visivelmente agitado

Alegadamente, terá sido Manuel Rocha a avisar Lourenço Pinto de um pedido de Francisco Silva. O presidente dos árbitros avisado montou a operação ‘caça ao cheque’.

“Foi tudo tão rápido que fiquei sem perceber nada. Lourenço Pinto pediu-me um cheque! Não lhe dei nada porque não havia qualquer cheque” disse Francisco Silva.

Francisco Silva foi ao programa, da SIC, Máquina da Verdade. Negou tudo. A máquina desmentiu-o.

A Versão de Fortunato

“Do que se passou na cabina não digo nada. Vai ficar comigo e com Deus, para sempre”, conta Fortunato Azevedo, o árbitro substituto. No entanto adianta: “Já depois do jogo, o Xico estava à minha espera junto à minha casa e eu só lhe disse: ‘Não é que tu mereças pelo mal que fizeste à arbitragem, mas vai descansado que eu não vou dizer a ninguém o que vi’.”

O ex. árbitro internacional, conta ainda que foi apanhado de surpresa. “ Foi o momento mais triste da minha vida. Se soubesse ao que ia não tinha aceitado. Fui procurado, em casa, por Lourenço Pinto e José Passos Rodrigues, presidente do Conselho de Arbitragem da AFBraga, horas antes do jogo. “Disseram-me que tinha havido algo de grave com o Francisco Silva – pensei que tinha tido um acidente – em Penafiel e que eu já não ia fazer o Varzim – Académica no dia seguinte. Tinha de arbitrar o Penafiel – Belenenses. Metemo-nos no carro do senhor Passos, um Mercedes, e lá fomos para Penafiel.”

“Lourenço Pinto e Manuel Rocha foram os autores da trama”, de acordo com declarações de Francisco Silva logo a seguir ao acontecimento. Oficialmente, o antigo árbitro foi irradiado e por isso obrigado a deixar prematuramente “aquilo que mais gostava de fazer.” E queixa-se: “Se tivesse sido Pinto de Sousa (antigo presidente da arbitragem) o assunto era tratado de outra forma. Lourenço Pinto foi ‘levado’ e também se tramou!”

Lourenço Pinto Também Teve de Sair

Estava-se no pleno dos chamados “quinhentinhos”, onde era público e notório um esquema de troca de favores que passava por um bar do Porto, que pertencia a um conhecido dirigente portista, e ainda por um hotel onde muitos árbitros, alegadamente, passavam para um importante ‘beija mão papal’!
Perante o caso Francisco Silva, o então presidente do Conselho de Arbitragem, Lourenço Pinto, acabou, tal como Francisco Silva, por não resistir à situação criada. Foi obrigado a demitir-se do cargo de responsável pela arbitragem, sendo substituído por Fernando Marques, o homem que havia de introduzir o sorteio semanal dos árbitros. Lourenço Pinto – não presta declarações sobre o assunto – manteve sempre uma estreita ligação a Pinto da Costa e é hoje o actual Presidente da Associação de Futebol do Porto.

PROTAGONISTAS

O Isco

Francisco Silva está hoje reformado e confrontado com o passado diz “não quero falar mais disso.” Reconhece, no entanto: “Servi de isco para outros salvarem a face”, acentuando, ” eu era pequenino e contra a força não há argumentos”.

O Cordeiro e o Rebanho



Gaspar Ramos, ao tempo homem forte do futebol do Benfica, não tem dúvidas em classificar o caso Francisco Silva: “Foi o sacrificar de um ‘cordeiro’ para salvar os ‘donos do rebanho’.”


Ninguém o Quis Ouvir

“Apesar de eu ter sido referenciado nos jornais como tendo estado na cabina do árbitro antes do jogo, nunca fui chamado para depor em lado nenhum”, confessa João Batista, repórter presente em Penafiel.

Dei Explicações ao ‘Xico’

Fortunato Azevedo diz não saber ao que ia e por isso afirma: “ Não deixei de dizer ao ‘Xico’ Silva que eu não tive nada a ver com o que se passou na cabina. Apenas estava ali para arbitrar, como me pediram.”

Governo legisla contra corrupção desportiva

Perante o caso Francisco Silva a justiça teve dificuldades porque a legislação contra a corrupção não contemplava a actividade desportiva. Foi tempo de o governo, liderado por Cavaco Silva, o fazer. Guímaro já não se safou.

Futebol, Só Com o Neto

Francisco Silva diz que já deixou de frequentar campos de futebol. Apenas faz uma excepção: “ vou ver o meu neto, José Miguel, que joga nos juniores do Portimonense depois de ter passado pelos juvenis do FCPorto”.

Carlos Severino

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O "SISTEMA": O COMBATE DO SPORTING COM DIAS DA CUNHA

É impossível dissociar o ex presidente do Sporting, Dias da Cunha, do termo ‘sistema’ e da sua luta contra o mesmo no futebol. Foi pela arbitragem que o então líder leonino iniciou o seu combate.

Primeiro muniu-se de conhecimentos suficientes para não ser desmentido nas suas abordagens. O livro de Marinho Neves, Golpe de Estádio, foi a inicial incursão do líder leonino sobre o que era o ‘sistema’. A primeira vez que falou do ‘sistema’, como presidente, com estrondo, foi na época de 2000/01. Após um Beira – Mar Sporting, que os leões venceram por 1-0. Uma arbitragem desastrosa de José Leirós, apesar da vitória leonina, levou DC a dizer aos jornalistas: “temo que o ‘sistema’ esteja de volta.” De que falava afinal? “O ‘sistema’ de que falava e ainda hoje falo, tem o principal enfoque na gestão da arbitragem. A avaliação é completamente desajustada. Os árbitros ou alinham com o status, ou não têm hipótese."

Pinto da Costa e o movimento dos presidentes

Dias da Cunha que identificou Pinto da Costa como um dos rostos do ‘sistema’, teve um período de bom relacionamento com o líder portista.” O FCPorto estava de relações cortadas com o Sporting. Convidei-o, ele aceitou, para almoçar aquando da visita o FCP a Alvalade em 2001. Nesse almoço de direcções Pinto da Costa, no período de intervenções, avançou com a ideia do Movimento dos Presidentes para tratar e resolver os problemas do futebol português.”

O Movimento dos Presidentes reuniu várias vezes com todos os emblemas da Primeira e Segundas Ligas, mas terminou com a retirada do Benfica e do Boavista. “Acabou devido a uma reivindicação do Estrela da Amadora. Estava para descer de divisão mas alegou ser o Benfica que teria de baixar de escalão, por ter os ordenados em atraso”, conta Dias da Cunha.

O relacionamento com Pinto da Costa findou depois de Soares Franco, então vice leonino, declarar à comunicação social, já em 2003, que “o Papa está a morrer e que os ‘papas’ – ‘alegada referência ao presidente do Porto’ – também morrem!” O líder dos dragões retaliou em entrevista ao Público, afirmando: “Esse senhor não pode ser levado a sério depois de almoço.” Dias da Cunha, por dever de solidariedade institucional, rompeu com Pinto da Costa. No entanto, não deixa de dizer: “ Não tenho razões de queixa. Tudo o que combinámos foi sempre cumprido.”

Os Rostos do ‘Sistema’

Numa entrevista à RTP, já em 2004, Dias da Cunha apontou Pinto da Costa e Valentim Loureiro como os rostos do ‘sistema’. “ Foi após insistência da jornalista [Judite de Sousa] quando eu colocava em causa a gestão da arbitragem. Cumplicidades do passado levavam a que os beneficiados fossem determinados clubes. Isto era e é o ‘sistema’. Na altura Pinto da Costa estava acompanhado por Valentim Loureiro. Agora o ‘sistema’ está mais forte. O FCPorto domina.”

O MANIFESTO

Os políticos não quiseram saber

O Manifesto, documento que apontava soluções para os problemas do futebol, foi apresentado a 20 de Janeiro de 2005 e subscrito por Sporting, Benfica, Belenenses e Marítimo. Houve, posteriormente, mais clubes a aderir. “ Criação de um tribunal desportivo; regulação da gestão da arbitragem onde seriam ex árbitros a fazer avaliação, através de uma estrutura própria, supervisionados por um conselho superior composto por juízes do Ministério Público; contas auditadas pela mesma entidade; plano de contabilidade único, marcavam o documento que entregámos aos partidos. Os políticos fizeram vista grossa”, disse Dias da Cunha.

PROTAGONISTAS

O terceiro rosto do "Sistema"


“Os rostos do Sistema não são dois, são três” disse Dias da Cunha no Estádio da Luz, junto de pessoas do futebol. Quem é o terceiro, questionaram? “É o amigo Joaquim Oliveira”, agarrando o próprio, que ficou com cara de poucos amigos.



Nos cornos do toiro


“Dias da Cunha foi sempre quem andou nos ‘cornos do toiro’ no combate ao Sistema. Foi no futebol com quem me dei melhor. Ainda hoje me dou bem com ele” conclusão de Manuel Vilarinho ex presidente do Benfica.

Sportingues – Benficas

Em 2001 Dias da Cunha e Vilarinho juntaram-se ao almoço. O menu apresentou a defesa dos interesses financeiros e outros, dos rivais. Ficou falado que as apresentações aos sócios seriam em jogos entre ambos.

O Frankenstein

“O Sistema é um Frankenstein que já fugiu ao criador” a frase foi dita por Dias da Cunha a Pinto da Costa, num almoço de direcções, em 2001. O presidente portista respondeu com o desafio: Movimento dos Presidentes.”

Os relatórios de Marinho Neves

Durante cinco anos Dias da Cunha recebeu relatórios elaborados por Marinho Neves, que colaborava com o Sporting, onde eram divulgados os movimentos do ‘sistema’. O presidente do Sporting sabia do que falava.

Carlos Severino
Versão alargada da síntese publicada na edição de 1 de Outubro de 2011, no Correio da Manhã.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O MUNICIPAL: Sporting e Benfica Sim, Políticos Não!


O Sporting, em 2001, tinha o seu novo estádio em construção. Surge então a ideia de que os dois velhos rivais podiam partilhar um Estádio Municipal, custeado pela Câmara Lisboeta. No caso, no espaço onde já estava a ser feito o estádio leonino. Os presidentes de Sporting e Benfica, Dias da Cunha e Manuel Vilarinho, apresentaram a ideia a João Soares, edil da capital. Receberam o entusiástico apoio do autarca, mas Soares apresentou alternativa ao local e a exigiu a autorização dos sócios dos dois emblemas.


“Era a possibilidade de aliviar custos aos dois clubes”, diz Dias da Cunha. Já Manuel Vilarinho adianta: “João Soares disse-nos que o melhor era fazer-se um estádio conjunto”.


Soares recorda o momento: “Por causa da rivalidade apresentei alternativa de local, na Ameixoeira, Lumiar, num terreno estatal, onde está o SIS”. O então presidente da Câmara, aponta forte razão para a ideia não ter sido concretizada: “Não houve vontade política do governo para viabilizar a proposta. O protocolo da construção de novos estádios já estava assinado por todos, menos por mim. Fui o único autarca a negar fazê-lo”. O governo era liderado por Guterres. José Lello era o secretário de estado do desporto.


Para Vilarinho “o assunto morreu ali”. Cunha tem versão diferente: “Foram invocadas causas de ordem legal que tornava tudo demorado. O estádio não ficaria pronto a tempo do Euro 2004. Mas havia a alternativa do nosso estádio.”


A proposta dos leões esbarrou na contestação dos adeptos e outros dirigentes do Benfica. Vilarinho queria mas teve de ceder: “ Estou convencido que teve receio dos adeptos do Benfica. Soares, estava para ir a votos, também teve que ser politicamente correcto”, refere Dias da Cunha.



O Benfica apostou então na construção do novo Estádio da Luz. Vilarinho é taxativo: “Soares foi o verdadeiro pai do Estádio da Luz, mas também podia ter sido o coveiro!” E esclarece: “O presidente da Câmara tudo fez para que o nosso estádio fosse viável. Depois perdeu as eleições e veio dizer que apenas nos tinha falado numa bomba de gasolina, faltando à verdade.”


João Soares garante: “Mostrei sempre intenção de ajudar mas nunca prometi nada. Disse que devia ser atribuída uma bomba de gasolina ao Benfica porque ao Sporting já tinham sido viabilizadas três e ao Benfica apenas duas. Quem prometeu tudo, em campanha eleitoral, foi Santana Lopes.”


Santana Lopes diz que “como presidente da Câmara não encontrei um papel sobre o novo Estádio da Luz – João Soares garante que estava lá o projecto – o meu antecessor só me confirmou ter prometido uma bomba de gasolina”. O ex líder de Lisboa evoca, ainda, o que disse aos representantes dos dois clubes quando confrontado com projectos para dois estádios:” A Câmara só tem dinheiro para um estádio. O Sporting quis, o Benfica não.”


O RESTELO FOI HIPÓTESE PARA MUNICIPAL


Ainda antes de se saber que o Euro 2004 seria em Portugal, um estudo da Câmara de Lisboa apontava não para um, mas para dois Estádios Municipais. Quem o diz é João Soares, ao tempo presidente do Município de Lisboa. “Entendemos que Lisboa devia ter apenas dois grandes estádios. Um na zona oriental – podia ser nos terrenos do Oriental – e o outro a ocidente que seria onde está o Restelo. Pela localização é o mais bonito da cidade Na nossa opinião isso resolveria o problema da rivalidade de Sporting e Benfica e dotava a cidade de dois locais com capacidade para receber grandes eventos. A proposta gorou-se porque todos disseram sim menos Vale e Azevedo, então presidente do Benfica.”



PROTAGONISTAS



Santana deu mais ao Benfica


Dias da Cunha revela o que Santana Lopes, então já presidente da Câmara, lhe disse relativamente aos novos estádios: ‘ Aqui entre Sportinguistas, tenho de lhe dizer que fui forçado a dar mais ao Benfica do que ao Sporting. ‘


Santana defendeu o Municipal


“Eu apostava no Municipal. Até me ofereci para ir às assembleias – gerais dos dois clubes defender a tese. O Benfica não quis. Fiz o que pude, como autarca, para ajudar na construção dos dois estádios”, disse Santana Lopes.


Apelei ao Voto no PSD


Manuel Vilarinho que considera João Soares o pai da nova Luz, mas que podia ter sido o coveiro, ficou zangado pelo negar das promessas do ex edil de Lisboa: “ Fiquei tão aborrecido que apelei ao voto dos benfiquistas no PSD”.


Godinho Lopes apoia Dias da Cunha


Godinho Lopes, actual presidente do Sporting, era o vice para o património leonino. Dias da Cunha não esquece: “ -Esteve sempre ao meu lado na questão do Estádio Municipal, embora céptico quanto à hipótese de ser Alvalade.


Soares abre porta à nova Luz


Hipoteca ao Estádio da Luz herdada de Vale e Azevedo, estava a impedir a construção do novo estádio. Ninguém queria dar garantias aos credor – Euroárea – (Vieira, Mário Dias e Vilarinho). “Foi a minha palavra que desbloqueou a situação” conta João Soares.


Carlos Severino

Versão alargada da síntese publicada no Correio da Manhã em 24 de Setembro 2011.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

GOMES: Sobremesa Atrasa e Fim Antecipa-se.

Um dia a casa veio abaixo. Fernando Gomes, bibota de ouro, melhor marcador de sempre no FCPorto, capitão de equipa, mas já em fase descendente de carreira, aborreceu-se e fez estrondo.


Já havia um ambiente crispado, com grupinhos a “conspirar” à boca fechada. Tudo se precipitou, na opinião de Octávio Machado, adjunto de Artur Jorge, quando o então capitão (Fernando Gomes não era titular) João Pinto deu uma entrevista, já na qualidade de novel capitão, no programa Livre e Directo da Antena 1. “Gomes ficou melindrado e no jantar que decorreu na Madeira, na véspera de um jogo com o Marítimo, a turbulência aumentou”.


Foi na sobremesa que a agitação ganhou forma. “ Artur Jorge exigiu que a mesa dele fosse servida primeiro, uma vez que só havia um carrinho de sobremesas. Gomes não gostou e deu conta do desagrado ao médico, Domingos Gomes. O Artur apercebeu-se da confusão e foi o primeiro a fugir da sala”, conta Octávio Machado.


O médico dos portistas, Domingos Gomes, revela que o capitão tinha razão no seu protesto.” Já era muito tarde e o serviço do hotel estava demorado. Perante as insistências de Gomes ainda fui à cozinha tentar que tudo fosse mais rápido, mas a demora exasperou o capitão. Quando chegou à fase da sobremesa os protestos de Gomes foram veementes por não serem os jogadores a ser servidos em primeiro lugar. Só que manda quem pode e obedece quem deve e daí…”.


E pelos vistos, devido aos acalorados protestos, Fernando Gomes acabou por ser obrigado a regressar mais cedo ao continente, por decisão de Pinto da Costa, Artur Jorge e Reinaldo Teles.


Augusto Inácio na altura também estava na casa dos 30. Salienta que o grupo daquele tempo conquistou muita coisa mas não durava sempre. “Houve gente que não percebeu isso”. E dá o seu exemplo: “Acabei aos 34 anos e com proposta para renovar. Mas entendi que tinha chegado a hora de pendurar as chuteiras. Outros assim não o entenderam, e eu respeito, como foi o caso do Gomes”.


Para Octávio Machado, “a insatisfação de Gomes era influenciada por alguns colegas que lhe faziam querer que iam correr com ele do Porto e ele acreditou”. O Palmelão diz que compreende a situação. “ É difícil estar em fim de carreira, ser capitão, ir e depois não ir aos jogos. Gomes precisava de ter tido outras companhias. Teria acabado a carreira no FCPorto.”


Fernando Gomes acabou a carreira de jogador no Sporting, Contactado, escusou-se, amavelmente, a prestar declarações por respeito às normas instituídas no FCPorto.


António Sousa também pertencia ao grupo dos jogadores trintões do FCPorto. Reconhece que o facto de Ivic ter dito a célebre frase ‘Gomes é finito’ “acabou por acelerar a necessidade de renovação do plantel.”
O ex internacional adiantou que “ aos 30 anos nós não eramos velhos e sabíamos que tínhamos mais para dar. Eramos um lote de jogadores carismáticos. Tudo o que conseguimos foi marcante. Mas em todo lado há renovação.”


RTP veta Octávio Machado


O Bibota veio da Madeira mais cedo, mas não foi de modas e na RTP disse de sua justiça, atirando-se a Octávio Machado, acusando-o de desestabilizar o grupo. Octávio quis retaliar mas “fui impedido de entrar nas instalações da televisão”. Da parte do FCPorto foi proposta a ida do Palmelão à RTP Porto, mas os responsáveis da televisão pública não deram provimento à pretensão portista. Octávio havia de falar sobre o tema no programa Livre e Directo da Antena 1. “As perguntas foram todas sobre o Gomes e respondi a tudo”.




PROTAGONISTAS




Nem de muletas queremos partir


Não foi agradável, como é normal, percebermos que a renovação da equipa passava pelo núcleo duro, como era o meu caso e do Gomes. Mas, mesmo de muletas achamos sempre que ainda não é tempo de partir”, afirmou Sousa.


Gomes e Nuno Gomes


“Gomes foi um caso como o do Nuno Gomes. O clube do coração não contava com eles. Ambos quiseram continuar a jogar. No caso do Gomes escolheu acabar no Sporting que é, também, um grande clube”, diz Inácio.


Só Soube do castigo de manhã


“Só soube que Gomes tinha sido mandado para Lisboa no dia seguinte. Depois da sobremesa saí. De manhã soube que tinha havido brava discussão e que Gomes foi mandado para o Continente”, conta Domingos Gomes


Octávio saúda regresso


Em relação ao regresso de Gomes ao FCPorto, Octávio realça: “ estou muito contente por ele estar de novo no FCPorto. É um homem da casa e pelo seu historial merece estar naquele clube. Desejo-lhe as maiores felicidades”


“Gomes é Finito”


A frase “Gomes é Finito” dita por Ivic, no Jamor, em Maio de 88, após a final da Taça em que o FCPorto venceu o Guimarães por 1-0, onde Gomes foi substituído, acabou por marcar a saída prematura do bibota dos dragões.




Carlos Severino


Versão alargada da sintese publicada no Correio da Manhã em 17/9/11.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

VÍTOR BAÍA: Sem título de Riade. Não estava lesionado!

A 3 de Março de 1989 Portugal sagrou-se campeão do Mundo de sub – 20, em Riade. Vítor Baía, que foi titular da baliza portuguesa na fase de apuramento, não viajou para a Arábia Saudita e, por isso, não se sagrou campeão.
E afinal qual foi a razão para a ausência do guardião? A versão oficial apontava para uma lesão, mas a verdade é que o jogador do FCPorto, então um jovem de 20 anos, ficou na Invicta a treinar sob a alçada de Octávio Machado, adjunto da equipa técnica portista.

Amaral, jogou no Sporting e no Benfica, foi campeão do Mundo em Riade e lembra o que foi dito aos jogadores sobre a ausência de Baía: “Foi-nos transmitido que o Vítor estava lesionado”.

Octávio conta, com conhecimento de causa, a razão para Baía não ter ido para a Arábia Saudita: “O Porto estava em dificuldades com guarda – redes. O falecido Zé Beto estava com problemas físicos e sobrava apenas o Mlynarkzic. “O Vítor, apesar de ser um jovem, dava garantias de segurança para as nossas balizas, por isso tratou-se de uma opção. Não era possível dispensar o jogador devido a necessidades próprias”.

Pedro Mouzinho, director executivo da FPF – amigo pessoal de Baía – que se deslocou à Arábia, não tem dúvidas em ir mais longe sobre a não ida do jovem Baía: “ Foi muito simples. Pinto da Costa defende sempre os interesses do FCPorto. Precisava do Vítor e mexeu os cordelinhos para ele ficar nas Antas. O FCP não o deixou ir. A FPF nada pôde fazer.

Pais do Amaral, vice – presidente da FPF que chefiou a delegação, tem outra versão e é taxativo: “ foi-me comunicado pelo FCPorto que Baía tinha estado lesionado e que era arriscado levá-lo a Riade. Coloquei a questão ao nosso departamento médico que não se quis responsabilizar em contrariar a informação portista.”

Já José Catoja, ao tempo enfermeiro/massagista da selecção, diz: “Passou tudo ao lado do departamento médico, que não foi tido nem achado para a situação. Apenas houve uma troca de correspondência que desconheço o conteúdo.”

Domingos Gomes médico do FCPorto, refere ao não ter ideia nenhuma do caso.

E o que pensou Baía da situação? “O jogador aceitou tudo com satisfação e entusiasmo. O Vítor não foi a Riade, mas mesmo sem esse título é só o jogador com mais títulos a nível Mundial”, aponta Octávio Machado.

Quem beneficiou com a ausência de Baía (não respondeu às questões postas) foi Brassard. Apenas com 16 anos, sagrou-se campeão do Mundo.” Foi uma surpresa quando me chamaram. Foi fantástico”. Quanto à ausência de Baía, o antigo guarda – redes recorda: “ O Vítor era o titular da selecção e o grupo reagiu com um misto de tristeza mas, ao mesmo tempo, de confiança no Bizarro e em mim, o que nos deu a responsabilidade para fazermos o melhor. E melhor foi impossível.”

Reunião Secreta no Algarve

Nas vésperas da partida Selecção para a Arábia – como apurámos – houve uma cimeira secreta para resolver o caso Baía, que decorreu no hotel Montechoro, em Albufeira, no Algarve. Carlos Queiroz, o seleccionador (não atendeu contactos efectuados), Nelo Vingada (não respondeu às questões formuladas), e Pais do Amaral, o chefe da delegação para Riade, encontraram-se com Artur Jorge, treinador do FCP e o dirigente portista, Reinaldo Teles. Sabemos que dessa derradeira conversa ficou assente, em definitivo: Vítor Baía não viajaria para Riade!

Não fiz conluio com o FCPorto

Perante a versão que contraria a tese da lesão de Baía,
Pais do Amaral garante: “Não entrei em conluio com o FCPorto. Limitei-me a remeter o assunto para os médicos que não contrariaram as indicações do FCPorto.

Baía, também, ausente no Europeu

No campeonato da Europa que deu o apuramento para o Mundial de Riade, Baía também esteve ausente. Brassard, acabadinho de fazer 16 anos, foi chamado.” Fomos vices, apenas perdemos na final com a URSS, por 4-2.”

Aquele título também foi dele

Amaral, jogador preponderante na equipa de 89, acha que o Mundial também foi de Baía: “Aquela vitória é, também, por direito dele. Fez o percurso daquela geração desde os 15 anos, era um dos nossos.

Trabalha e serás titular do FCPorto

Baía não foi a Riade, mas antes da partida o amigo Pedro Mouzinho, director executivo na FPF, disse-lhe.” Não vais porque tens muita qualidade e podes ser já titular no FCPorto se continuares a trabalhar muito.”

Baía diz o que pensa

“Sou grande admirador do Baía, não só pelo seu percurso como atleta, mas também pela sua postura como homem e pela coragem que tem em dizer o que pensa. Assim conseguiu chegar onde chegou”, disse Octávio Machado.

Carlos Severino

Versão alargada da síntese publicada no Correio da Manhã de 10/9/2011












































quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MOURINHO: Contrato com Sporting antes de deixar Benfica

A época de 2000/01 ia quase a meio (Novembro). O Sporting, campeão em título, não estava a fazer uma boa temporada. Os rumores da saída de Inácio, o treinador, já corriam há algum tempo. A pesada derrota por 3-0 no recinto do velho rival, Benfica, foi o pretexto para Duque fazer aquilo que o empresário José Veiga já lhe teria recomendado há muito: a contratação de Mourinho, então treinador dos encarnados.

‘VOVÓ’ ROSÀRIO ENTRA EM ACÇÃO

Apenas três dias depois da derrota do Sporting na Luz, foi marcada uma conferência de imprensa para Alvalade, a meio da tarde. Antes do começo da conferência a Rádio Renascença deu a notícia da mudança de Mourinho para o Sporting. Entretanto, cerca de uma centena de adeptos leoninos invadiram a sala de imprensa do estádio leonino e, sob o ‘comando’ de Rosário, uma indefectível adepta que habitualmente integrava a claque Juveleo, embora já fosse uma jovem avó, desataram a insultar Luís Duque, ao ponto de o calarem totalmente. O então presidente da SAD, ficou visivelmente incomodado e saiu após ter dito apenas que Inácio ia deixar de ser o treinador do Sporting, o que causou mais agitação na sala, com ruidosas reacções contra o despedimento do treinador campeão.

INÁCIO NADA SABIA

“Estava no treino. Fui apanhado de surpresa. Os jornalistas dirigiram-se a mim no final do treino e pediram-me uma reacção ao meu despedimento, Eu não sabia de nada! Uma hora depois fui chamado à SAD. Luís Duque disse-me que a administração tinha entendido proceder à mudança porque as coisas não estavam a correr bem. Fiquei perplexo! O Sporting estava a 5 pontos do Benfica, não vi razão para tal decisão”, conta Inácio.

Duque preparava tudo em segredo

Enquanto Inácio treinava e dirigia a equipa do Sporting, ainda antes do jogo com o Benfica, fonte do Sporting adiantou que Luís Duque fez várias reuniões com Mourinho, com quem fechou um contrato de 1 ano com outro de opção. Nesses encontros foi planeado a renovação do plantel e a entrada de Oceano para a estrutura técnica, como uma referência Sportinguista. A mesma fonte disse ainda que a saída de Duque do Sporting, pouco tempo depois do caso Mourinho, se deveu a pressões internas por causa da situação criada.

DUQUE VOLTA ATRÁS

Como diria Pimenta Machado, “No futebol o que hoje é verdade amanhã é mentira”, À 1h da madrugada, do dia seguinte, tocou o telefone do treinador despedido. “ Duque ligou-me para dizer que se tinha precipitado e combinou irmos tomar o pequeno – almoço ao hotel Radison (perto do estádio Alvalade). Disse-me que queria que eu continuasse à frente da equipa do Sporting. Fiquei, de novo, perplexo. Com o meu coração Sportinguista disse-lhe que sim, mas pus uma condição: que ele fosse ao treino comunicar a decisão aos jogadores. Quando apareci aos atletas eles ficaram todos espantados, a olhar para mim. Depois de lhes dar a novidade, Schmeichel (guarda - redes) dirigiu-se – me mostrando satisfação pelo meu regresso, mas não deixou de dizer que tinha estado muitos anos em Inglaterra onde era impensável um acontecimento daqueles.

As surpresas não terminaram. O ex técnico do Sporting diz que Duque, ao contrário do prometido, não compareceu no treino. “Telefonou-me a perguntar como ‘estavam as tropas’ e prometeu ligar-me no dia seguinte, pelas 4 da tarde, a hora de nova sessão”. Rebate falso. Não foi do líder da SAD que Inácio recebeu um contacto: “Estava a almoçar em casa da minha mãe e recebi um telefonema da secretária de Luís Duque avisando-me para não me apresentar em Alvalade”.

Contrariando as indicações que recebeu, Augusto Inácio compareceu mesmo Alvalade e travou-se de razões com Duque. “Disse-lhe tudo o que tinha a dizer. Não gostei da saída nem da reentrada. Luís Duque disse-me que a administração da SAD achava que não se devia voltar atrás. Não me convenceu. Acho que foi uma decisão pessoal”, confessa Inácio.

O pagamento a Mourinho

Mourinho não veio para o Sporting. Ficou, involuntariamente, desempregado. Fonte contactada garante que os dirigentes da SAD Sportinguista da altura tiveram de encontrar uma solução para cumprir o compromisso assumido com o técnico, embora nunca a tenham tornado pública.

Nos bastidores sempre se comentou que a operação foi habilmente feita. E como foi? Fonte bem colocada conta os pormenores:”Um pouco antes de Luís Duque sair do Sporting, entrou o chileno Tello, um esquerdino que veio rotulado de craque com um custo 1,5 milhão de contos (7,5 milhões de euros), naquela que foi a contratação mais cara de sempre do Sporting, até à recente chegada de Elias. Acrescentou a mesma fonte: “O valor trazido a público foi fruto do que se chama ‘engenharia’ financeira para que fosse possível pagar a Mourinho”. O actual treinador do Real Madrid, através do seu porta – voz, Eládio Paramés, não confirmou se recebeu ou não. Apenas não se mostrou agradado com o desfecho do caso”.

MOURINHO Sai do Benfica e… do Sporting

José Mourinho tinha assumido o comando técnico do Benfica com Vale e Azevedo como presidente. Só que houve eleições e a vencedora foi a lista liderada por Manuel Vilarinho, que tinha como treinador anunciado, Toni. Perante este cenário, Mourinho ficou fragilizado mas como estava a obter bons resultados e após a estrondosa vitória sobre o Sporting, não foi de meias medidas: com a possibilidade de mudar para Alvalade, dirigiu-se ao presidente do Benfica e disparou, de acordo com Vilarinho: “ Ou me renovam o contrato já por mais um ano, ou nem darei o treino de amanhã”. O ex presidente encarnado respondeu com um adeus a Mourinho. “ O que me fez dizer não foi a ameaça de não dar o treino. Estávamos preocupados em saldar as dívidas deixadas por Azevedo e queríamos que Mourinho se preocupasse com a equipa de futebol”.

Dias da Cunha Dá a Cara Por Duque

Já depois de ter consumado o despedimento definitivo de Inácio e com o “menino nos braços”, Duque que nem tinha avisado Dias a Cunha, o presidente do clube, pediu para ser recebido pelo líder Sportinguista. A conversa durou cerca de meia – hora. O então número um leonino dirigiu-se à sala de imprensa e apaziguou os ânimos, dizendo aos jornalistas e adeptos presentes “ não reconheço nada em Mourinho que o recomende como Sportinguista”.

PROTAGONISTAS

Mozer diz nada ter recebido

Era o adjunto de Mourinho no Benfica e ia acompanhá-lo no Sporting. Como tudo foi por água abaixo, Mozer acabou por ficar desempregado e assume: “Nada recebi, aliás nem cheguei a assinar contrato”.

Manuel Fernandes o recurso de Duque

O antigo capitão do Sporting, substituiu Inácio e confessa que nada sabia do caso Mourinho. “Luís Duque convidou-me. Eu estava no Santa Clara, pedi autorização à direcção do clube e vim a correr para servir o meu Sporting, conta Manuel Fernandes.

Inácio conta história ouvida nos bastidores

“Não sei, não vi, apenas me contaram que no escritório de Veiga, Mourinho terá assinado pelo Sporting perante Luís Duque e o então empresário. Também me garantiram que perante o logro do acordo o Sporting teve assumir o pagamento”, afirmou o técnico.

Duque quis Mourinho, adeptos não

Mourinho esteve duas vezes ligado ao Sporting. Uma como adjunto de Boby Robson, em 92/93, e outra com técnico principal que acabou por não exercer. Duque quis anunciar o então técnico do Benfica recentemente vencedor do Sporting, e não conseguiu.

Vilarinho dividido quanto ao despedimento

“Estou arrependido por um lado, mas por outro limitei-me a um acto de gestão perante uma exigência intolerável. Reconheço que a saída de Mourinho atrasou a recuperação do Benfica por 2 anos”, reconhece Manuel Vilarinho.

Mourinho Não Quis Receber, Diz Fonte Sportinguista.

Fonte do Sporting não desmente que tenha sido montada uma operação para indemnizar Mourinho que, entretanto ficou desempregado. A mesma fonte garante é que Mourinho nada quis receber, devido a não poder cumprir o contrato que tinha rubricado.

Carlos Severino

Versão alargada de sintese que foi publicada no Correio da Manhã em 3 de Setembro de 2011