domingo, 28 de fevereiro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 22 A 28 de FEVEREIRO





APLAUSO


CARVALHAL

Por onde andava este Sporting?

Em poucos dias o Sporting faz dois grandes resultados, com exibições fantásticas, quando parecia que se ia arrastar para um penoso final de época.

Os jogadores são os mesmos, o treinador é o mesmo, fica o mistério sobre o que se passou para haver esta grande mudança.

Factos são factos, e se o treinador é o responsável pelas derrotas também o é pelas vitórias e, neste caso, que vitórias.




ASSOBIO



JESUALDO FERREIRA

A copiosa derrota frente ao Sporting veio afastar o FC Porto da corrida para o título. Embora matematicamente ainda seja possível, o facto é que 9 pontos para o Benfica são muitos pontos.

Jesualdo foi completamente ultrapassado pela táctica engendrada por Carvalhal. O velho senhor, campeão por 3 vezes no FC Porto, teve em Alvalade, porventura, a noite mais negra, nas competições nacionais, desde que está à frente dos dragões. É quase certo que terá hipotecado o tão desejado penta dos azuis e brancos.

Carlos Severino

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O QUE PODE VALER COSTINHA

Costinha foi um óptimo jogador, internacional, com uma carreira onde não faltaram títulos nacionais e internacionais e golos decisivos. Foi no FC Porto que atingiu o patamar mais elevado tendo, também, feito afirmar uma forte personalidade que lhe valeu o epíteto de”MINISTRO”.

Apenas falei uma vez com Costinha. Jogava ele, na altura, no Mónaco e encontrei-o no antigo Estádio de Alvalade. Foi-me apresentado pelo meu amigo Paulo Cintrão, que tinha acabado de me substituir na TSF por causa da minha vinda para o Sporting. Recordo-me que foi ali que Costinha me disse que era Sportinguista, e que gostaria muito de um dia vestir a camisola do leão. Estávamos em 1998.

O tempo passou e Costinha acabou por vir para Portugal, mas para o Porto. Agora chega, algo surpreendentemente, ao Sporting com um discurso afirmativo, mas com afirmações pouco prudentes, nomeadamente quando fala de comunicação.

Em cenário muito pouco verde – o fundo publicitário era encarnado, branco e azul, assim como o que estava no microfone - na televisão até parecia a sala de imprensa de outro clube – Costinha apareceu sem nada vestido que o relacionasse com o Sporting e disse este mimo: “… vamos dar as informações necessárias e não aquelas que as pessoas querem.” Esta afirmação suscita-me uma série de questões: - a que pessoas se refere? Quais são as informações necessárias e as que as pessoas querem? Costinha para além de director desportivo, também é director de comunicação?

É claro que Costinha não conhece a estrutura do Sporting, mas sabe que no caso Sá Pinto – Liedson toda a gente ficou por dentro do que se passou na cabina, 2 minutos depois de tudo ter acontecido! É sinal que há “gargantas fundas”, como sempre houve, e que devem suscitar mais preocupação do que aquilo que as tais pessoas querem – não sei a quem é que serve a carapuça, será só aos jornalistas?

Costinha disse ainda, que quer fazer do Sporting um clube campeão! Percebe-se o que quis dizer, só que não usou a frase certa. É que o Sporting é um clube campeão há muito. Se dissesse que quer levar a equipa de futebol a ser campeã, talvez definisse melhor aquilo que queria comunicar, digo eu.

Resta desejar boa sorte a Costinha e que consiga libertar o Sporting das amarras que o tolhem há muito. Mas para isso, ele próprio vai ter que se libertar da “gratidão” a quem o levou até aqui. Não é tarefa fácil. Fica a expectativa.

Carlos Severino

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CRISES NO SPORTING 3 - O SISTEMA

Há muitos anos que os dirigentes que passaram pelo Sporting, por inépcia, por falta de conhecimento ou outra ordem, deixaram que o clube ficasse enredado por uma teia que o tem arrastado para níveis nada condizentes com a sua dimensão feita de muitas e importantes conquistas. Mas houve uma tentativa para libertar o Sporting dessa teia que o sufoca cada vez mais.






ATAQUE AO SISTEMA

Em 2000, após a conquista do Campeonato que fugia desde 1982, o relacionamento interno entre os dirigentes da altura era tão mau que até parecia que a grande vitória pertencia a uns quantos e o resto só estorvava. O Presidente, José Roquete, demitiu-se alegando uma incompatibilidade pública e notória com o presidente da SAD, Luís Duque, com ele levando cerca de 200 mil acções que vendeu com o preço em alta.

A pasta passou para Dias da Cunha, que herdou uma mão cheia de nada para construir o Estádio e pagar os altos salários e prémios de assinatura do camião de jogadores contratados por Luís Duque.

Como neófito nas andanças do mundo da bola, DC teve a humildade de solicitar que o enquadrasse na realidade e lhe explicasse como tudo funcionava porque queria um Sporting a liderar a credibilização do futebol.

O PRIMEIRO COMBATE

Eu estava de alma e coração no Sporting, meu clube de sempre, e tudo faria para o ajudar a afirmar-se sem qualquer subalternidade. Ao desafio de Dias da Cunha respondi oferecendo-lhe o livro de Marinho Neves, Golpe de Estádio, devidamente legendado, dizendo-lhe que estava ali retratado o chamado sistema que controlava o futebol português.

Dias da Cunha aprendeu depressa, exigindo sempre provas concretas para poder dizer de sua justiça sem ser desmentido. Foi neste contexto que foi contratada, por minha indicação, a colaboração de Marinho Neves. Com relatórios sempre que se justificava, Marinho Neves fornecia informações tão preciosas que a relação durou até Dias da Cunha sair. Não durou mais porque a primeira preocupação dos sucessores, DC partilhava os documentos com eles, foi a de dispensar os serviços de Neves com a alegação, foi-me transmitido por Rui Meireles, um homem de grande confiança de Dias da Cunha, quem diria, de que não se reviam naquele combate do ex. Presidente.

Dias da Cunha começou a falar do sistema em programas televisivos, no final de jogos e sempre que sentia que o devia fazer. Foi num jogo com o Beira-Mar, em Aveiro, que utilizou pela primeira vez a palavra que mais o identifica na passagem pelo futebol. O Sporting venceu por 1-0, mas a arbitragem de José Leirós foi tão esquisita que DC, no final da partida, não se coibiu de dizer: "temo que o sistema esteja de volta."

O primeiro impacto das polémicas declarações de Dias da Cunha levaram figuras, alegadamente tidas como do sistema, a denegrir-lhe a imagem. Lembro-me de reacções intempestivas de Valentim Loureiro e de Guilherme Aguiar que se lhe referiu como: "negreiro", numa clara alusão ao facto de DC ser de Moçambique. Dias da Cunha respondeu dizendo que até nasceu como português de 2ª classe. Mas o problema maior foi a crítica interna. Houve até quem achasse que Dias da Cunha devia parar porque estava a ser "motivo de chacota nacional!"
REGENERAR COM PINTO DA COSTA

Com a noção de que era difícil arrastar para a sua luta os dirigentes de outros clubes, Dias da Cunha viu em Pinto da Costa a pessoa ideal para levar os seus intentos a bom porto. Primeiro porque a PC ninguém, ou quase, dizia que não. Depois porque o Presidente portista já tinha ganho tudo e era uma boa oportunidade de se livrar de alguns rótulos por alegados métodos menos convencionais para chegar ao êxito.


O FRANKENSTEIN

Foi num almoço de direcções, a anteceder um Sporting - Porto, em 2001/2002, que Dias da Cunha se dirigiu a Pinto da Costa. Olhando-o nos olhos, disse: "Sr. presidente, eu não identifico o sistema com o FC Porto. O sistema é hoje um Frankenstein que já fugiu ao criador". Pinto da Costa ruborizou, mas respondeu dizendo que nos anos 80 os Presidentes dos clubes se juntavam e falavam olhos nos olhos e que veria com muito interesse que isso voltasse a acontecer. Assim nasceu o Movimento dos Presidentes. O curioso é que terminado o almoço Pinto da Costa quando interpelado pelos jornalistas não deixou de os informar que Dias da Cunha, afinal, não conotava o FCP com o sistema.

O Movimento dos Presidentes havia de juntar todos os clubes da Liga por 3 vezes, tendo terminado por causa das saídas de Benfica e Boavista.




O relacionamento de Dias da Cunha com Pinto da Costa mereceu muitas críticas, especialmente internas. Durou um punhado de meses nessa época de 2001/02. Acabou pela solidariedade de DC para com Soares Franco que tinha dito numa alusão menos conseguida: "o Papa está morrer, os papas também morrem." Pinto da Costa respondeu, no jornal Público, dizendo que: "depois de almoço não se podia levar FSF a sério."

Ainda hoje há muita gente a dizer que Dias da Cunha foi "levado" por Pinto da Costa. Os factos desmentem isso. Na época do bom relacionamento entre os dois Presidentes, foi o Sporting que conquistou o título de Campeão, venceu a Taça de Portugal e a Super-Taça.




Continua...

Carlos Severino

domingo, 21 de fevereiro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 15 a 21 de FEVEREIRO





APLAUSO
FALCÃO

O FC Porto relançou a corrida ao título. O Dragão como que renasce com as adversidades. Ao castigo de Hulk, responde a equipa de Jesualdo Ferreira com um Falcão que marca que se farta.

Falcão esteve nos planos do Benfica, mas foi o Porto que trouxe o colombiano para Portugal. E, pelos resultados, valeu trazer um jogador ainda jovem, por um preço (4 milhões), que, pelos golos que marca já está mais que justificado.

Nesta semana Falcão marcou na vitória sobre Arsenal e agora marcou mais 2 ao Braga, estando já com 16 golos na Liga. Merece o nosso APLAUSO.



ASSOBIO

DOMINGOS

Já aqui lhe tributámos, mais que uma vez, o nosso APLAUSO. Mas com o Braga a perder por 5-1, a sofrer mais de metade dos golos que tinha consentido até agora e a fazer uma exibição longe daquilo que já produziu, leva-nos a dar o ASSOBIO desta semana a Domingos Paciência.

É certo que o Braga perdeu João Pereira, não pode contar com Vandinho, condenado por causa do famígerado caso do túnel de Braga, mas os números no Dragão são demasiadamente esmagadores.

O Sporting de Braga continua na corrida ao título, no entanto mostrou hoje uma fragilidade que não era esperada.

Carlos Severino

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CRISES NO SPORTING 2 - EMPURRÃO FINAL


CONTINUAÇÃO 2





O "Manifesto" de Dias da Cunha, que preconizava trazer o poder político para a regulação do negócio futebol, foi o pretexto para a ruptura interna que sucedeu no final da época 2004/05.



Com a alegação de que não concordavam com uma pretensa subserviência ao Benfica, Miguel Ribeiro Teles demitiu-se como vice-presidente, com a área do futebol, Filipe Soares Francos demitiu-se de vice-presidente da SAD, Carlos Freitas, director-desportivo, e Rita Figueira, directora jurídica, sairam da SAD, embora esta última tenha ficado com uma avença.



O Sporting tinha acabado de sair daquilo que ficou conhecido pela "época do quase." E foi um milagre o Sporting ter chegado aonde chegou dadas as rupturas internas e as pressões vindas de fora daqueles que não perdoaram a Dias da Cunha ter tido a ousadia de apontar os "rostos do sistema", situações que vulnerabilizaram o balneário e, alegadamente, terão condenado o início da temporada seguinte.



A não renovação dos contratos a Pedro Barbosa e a Rui Jorge, com a saída dos jogadores pela porta pequena também nada ajudou a melhorar o clima interno.



O alvo da contestação não era só Dias da Cunha. Paulo de Andrade, foi indicado por Soares Franco, e José Peseiro, treinador, tinham sobre eles uma grande pressão. Curiosamente, Soares Franco que havia proposto a entrada de Andrade para administrador-delegado da SAD veio, em carta dirigida a Dias da Cunha, pedir a sua saída por achar que Paulo de Andrade não tinha condições para desempenhar a função.

José Peseiro, inocentemente, assumiu a pasta das contratações e Rui Meireles, então director financeiro, substituiu Soares Franco na SAD. Vieram, por alegada indicação de Peseiro, os jogadores: Deivid, avançado do Santos, Wender, ala do Braga, João Alves, médio do Braga, Edson, defesa do Leiria e Tonel, defesa do Marítimo. Foram gastos cerca de 10 milhões de euros, envolvendo diversos empresários, com Meireles a assumir que, diariamente, falava com Freitas. Dos valores pagos há a destacar os 2,5 milhões por metade do passe de João Alves.



A época começou em grande turbulência, com maus resultados na Liga e a eliminação da Champions, aos pés da Udinese, e a saída precoce da Taça UEFA perante os suecos do Halmstad. O ambiente era de grande pressão e contestação. Os insultos no estádio a Dias da Cunha, Peseiro e Andrade acentuavam-se. As notícias davam conta de um completo desvario interno. Por exemplo, o abandono, por parte de alguns responsáveis, da equipa em Paços de Ferreira. Paulo Andrade caiu numa terrível armadilha que o aniquilou, completamente, como dirigente.



Ao intervalo do jogo, o Sporting perdia por 2-0, Rui Meireles, então administrador da SAD, a chefiar a delegação leonina onde eu me encontrava, convidou os presentes a sair uns minutos antes do jogo terminar para "evitar o azedume dos adeptos." Só fiquei eu e Isabel Trigo Mira. À noite, na TVI, apareciam imagens do Jeep de Meireles, mas a informação era de que Paulo Andrade tinha abandonado a equipa!



Após a eliminação na UEFA, seguiu-se o encontro com a Académica, em Alvalade. O Sporting perdeu por 1-0. Foi o fim da linha. Dias da Cunha não aceitava mandar Peseiro embora e por isso, sentindo que não havia volta a dar, saiu juntamente com o técnico e com Paulo Andrade.



Para não deixar o poder num vazio, Dias da Cunha entregou a pasta a Filipe Soares Franco que, de acordo com Dias da Cunha, assumiu que conduziria o clube a eleições e não se candidataria. Depois foi o que se sabe com o antigo presidente a assumir que bem estava arrependido de ter entregue o poder a Franco.



Dias da Cunha lutou, durante 6 épocas, para que os adversários respeitassem e levassem o Sporting a sério. Num tempo de grande pressão interna - muito maior que de fora - entregou o clube aqueles que nunca o apoiaram, publicamente, na sua luta contra o sistema. Fê-lo de boa fé mas, infelizmente, o resultado está à vista. Pouco património, falta de respeito de adversários e de outros agentes desportivos, desencanto dos adeptos, um passivo cada vez maior e aquilo que ainda é mais assustador: falta de esperança num futuro a condizer com a grandeza do SPORTING.



Outras "estórias" há para contar, a seu tempo.



Carlos Severino

domingo, 14 de fevereiro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 8 a 14 de FEVEREIRO 2010




APLAUSO

FERNANDO CASTRO SANTOS

O regresso do técnico espanhol saldou-se por um resultado positivo para o Leixões.
Castro Santos soube contrariar o favoritismo do FC Porto e fez a equipa de Jesualdo Ferreira atrasar-se em relação a Braga e Benfica.

A "chicotada psicológica", para já, resultou. Fernando Castro Santos devolveu a esperança aos leixonenses e logo frente ao tetra-campeão.



ASSOBIO

JOSÉ BETTENCOURT

Há situações que fogem ao entendimento comum. José Bettencourt, mais uma vez, surpreendeu pela negativa, o que começa já a ser uma normalidade, o que me surpreende.

Estar de férias no Brasil, com o futebol do clube em absoluto desvario, e chegar dizendo que "o Sporting não é uma organização vencedora" é, no mínimo, espantoso. Faltou, pelo menos, dizer que não é uma organização vencedora, nos últimos tempos. E para o ser precisa de dirigentes presentes e actuantes.
Bettencourt começa a ter pouco espaço de manobra. Ser realista com a "estória" do 4º lugar pode parecer honesto, mas a grandeza do Sporting não se compadece com um discurso ausente de esperança no retomar do trilho da glória.

Carlos Severino

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

CRISES NO SPORTING - O GOLPE FALHADO

Ao longo dos quase 104 anos da sua existência, o Sporting teve diversas crises. Algumas delas decorreram nos anos que por lá passei - 1998-2006 - como colaborador. Apesar de tudo, foi nesse período que o Sporting conquistou 2 Campeonatos e foi à final da taça UEFA.



A "estória" que vou contar passou-se em 2004/05 e culminou com as saídas do Presidente, Dias da Cunha, do treinador, José Peseiro, e do Administrador Executivo da SAD, Paulo de Andrade que, em Outubro de 2005, não aguentaram a pressão provocada pelos maus resultados e pelos insultos vindos da bancada, mas comandados por gente que hoje, no Sporting, pede compreensão e paciência para suportar o pior momento da história do clube.



O GOLPE FALHADO



Em Outubro de 2004, com Peseiro como treinador, o Sporting conhecia uma grande onda de contestação ao treinador e ao Presidente. Jogava-se mais uma jornada e os leões deslocavam-se ao Estoril. Nos bastidores havia grandes movimentações para desalojar Dias da Cunha que eram patrocinadas por gente que hoje está em Alvalade e que preparou as claques para, no final do jogo, exigir as cabeças dos "culpados".



Sabedor dos movimentos, Dias da Cunha perguntou a Peseiro se seria aconselhável ir assistir à partida já que não queria ser factor de desestabilização para a equipa. Os sinais foram no sentido da não ida. E assim aconteceu.



A anteceder o jogo no Coimbra da Mota, uma série de personalidades, de fora e de dentro, juntou-se ao almoço para acertar pormenores da estratégia que seria consumada no final da partida, em caso de derrota.



O cheiro a conspiração tresandava por todo o lado. As tais personalidades estavam todas num camarote, onde havia muitos sorrisos e... charutos. O ambiente, naquele camarote, era de alguma euforia, próprio de quem está prestes a atingir um objectivo. Do lado contrário, na bancada, os gritos das claques e os dizeres das tarjas exibidas não enganavam.



Com o início da partida, logo se percebeu que o Sporting se apresentava disposto a sair vitorioso. E assim foi. Com uma exibição soberba de Hugo Viana, marcou 2 golos, e de Liedson, marcou mais 2, o rugido do leão fez-se ouvir numa vitória por 4-1, sem Pedro Barbosa. Mesmo assim as claques não deixaram de exibir as tarjas e mandar Presidente e treinador aquela parte, mas o resultado positivo evitou a consumação da estratégia.



Na semana seguinte, O Sporting jogou em casa com o Belenenses e voltou a vencer, desta vez por 2-0. Mas as movimentações continuaram e muita gente recebeu SMS’s a apelar para que no estádio se gritasse: "Ribeiro Teles a Presidente, já." Confrontado com esta situação por Dias da Cunha, Teles apressou-se a desmentir que tivesse alguma coisa a ver com aquilo.







Com bons resultados nas competições internas e na taça UEFA, o Sporting entra em 2005 a apresentar boas exibições, vitórias sobre vitórias, encantando os adeptos mas, internamente, havia contestação dos mesmos do costume.



Dias da Cunha tinha identificado os rostos do "sistema" e virou-se para a tentativa de chamar o poder político à liça na regulação do negócio futebol. Para tanto, elaborou um "MANIFESTO" juntamente com Benfica, Marítimo e Belenenses. O Manifesto mais não era do que um programa de acções conducentes a credibilizar um negócio gerador de milhões, através da sua regulação fora dos agentes do futebol, ou seja sem que fossem os próprios interessados a decidir.



O documento gerou uma onda de contestação tal que, no Sporting, levou a rupturas que marcaram um final de época que sem as tricas que aconteceram podia ter resultado na   melhor temporada, de sempre, do futebol leonino



Continua em próxima "estória".



Carlos Severino

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

QUEIROZvsBAPTISTA

Não me passava pela cabeça escrever esta "estória", mas os homens têm destas coisas.

Sou amigo e conheço bem Carlos Queiroz e Jorge Baptista. O que vou contar não serve para atacar nem defender ninguém. Apenas retrato uma série de episódios que demonstram como o ser humano é imprevisível.

Conheci, pessoalmente, Queiroz e Baptista mais ou menos na mesma altura, aquando do Mundial sub-20, em 1991. Um seleccionador campeão mundial em 89 e o outro jornalista que estava na equipa organizadora do evento de 91.

Quando terminou a prova de 91, Portugal sagrou-se, de novo, campeão. Queiroz passou, pouco depois, a seleccionador da equipa A e o Jorge acabou por ficar ligado à FIFA/UEFA como press-officer, para além de continuar como jornalista apostado na área do comentário.

Sei que os dois se tornaram bons amigos e ainda me lembro de ver Jorge Baptista em Alvalade para discutir a hipótese de ser assessor de imprensa do Sporting que tinha como treinador, precisamente, Carlos Queiroz.

Por uma razão ou outra a ligação profissional não foi possível.

Nas voltas da vida, Queiroz correu mundo como treinador e o Jorge fez o mesmo como press-officer FIFA/UEFA, mantendo, também, o estatuto de comentador, tendo-os encontrado várias vezes na minha condição de jornalista e como director do Sporting para a comunicação-social, e até no Euro 2004 onde fui responsável pela coordenação dos Media em Alvalade.

Recordo-me que, em determinado momento, Baptista farto de ser perseguido pelas invejas muito usuais nos poderosos medíocres deste pequeno país - Queiroz também foi vítima de pressupostos idênticos - rumou até Itália para, como freelancer, tentar a sua sorte e por lá ficou uns tempos.

No plano pessoal convivi muito com o Jorge, em especial naquelas futeboladas, às segundas-feiras, em Campo de Ourique onde se juntava muita gente do mundo da bola e não só.

Confesso que nunca ouvi o Jorge Baptista fazer críticas negativas a Queiroz, até o Prof. regressar a Portugal para voltar a pegar na selecção A. Depois, foi o que se sabe. O comentador não misturou a amizade com a sua opinião e não foi nada favorável ao regresso de Carlos e muito menos foi condescendente quando a selecção esteve na mó de baixo.

Quem conhece o Jorge sabe que ele não guarda recados e por isso já teve de sair de diversos sítios, nitidamente pelos incómodos que causou que levaram os responsáveis a não resistir, infelizmente, às pressões externas como foi no caso Vítor Baía em que defendeu, contra tudo e contra todos, a opção de Scolari em não convocar aquele que é considerado o melhor guarda-redes português de sempre.

Agora, que estão os dois em alta profissional, não era previsível que sucedesse o que sucedeu. Compreendo que não há nada que mais nos magoe que alguém que consideramos nosso amigo nos desvalorize, desanque ou diminua em público. A condição Humana não permite tal. Mas em altos cargos grandes responsabilidades e por isso...

Era bom que os dois valorizassem muito mais o que os unia do que o que os separou e, publicamente, viessem, sem hipocrisias, assumir que tudo não passou de uma anormalidade entre gente normal que gosta de futebol e daquilo que faz.


Com amizade,

Carlos Severino

domingo, 7 de fevereiro de 2010

APLAUSO E ASSOBIO - SEMANA 1 a 7 de FEVEREIRO 2010




APLAUSO

MANUEL FERNANDES
O antigo capitão e treinador do Sporting conseguiu com o V. Setúbal mostrar como se trava um Benfica super motivado, fazendo os encarnados marcar passo na Liga.

Manuel Fernandes é um homem do futebol que merecia ser olhado de outra forma pelos actuais dirigentes leoninos. Mas as preferências vão noutro sentido e, entretanto, o Manel vai mostrando, em clubes com muito menos condições, o que podia fazer pelo seu clube de sempre.



ASSOBIO





JOSÉ BETTENCOUR

Não se entende. Bettencourt foi eleito para estar em todos os momentos no comando da "nau" leonina. O comandante não pode abandonar o "barco" nunca, muito menos numa altura em que corre o risco de se afundar.

Mais do que assacar culpas à equipa de futebol do Sporting pelos maus resultados, é preciso entender que os exemplos têm de vir de cima. Quando isso não acontece não há moral para dizer, no bem-bom das férias!!!, que se está em "estado de choque" com os resultados.

Tenho em José Bettencourt uma pessoa inteligente e bem conhecedora da realidade Sportinguista. Sinceramente, não entendi esta situação.



Carlos Severino

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CARLOS MARTINS - NOS LIMITES DO GÉNIO

Marcou 2 grandes golos na vitória do Benfica sobre o Guimarães e voltou à ribalta. A carreira irregular, por motivos de lesão e alegada indisciplina, tem limitado a afirmação de um atleta de eleição que conheci no verão de 1994, num torneio no Algarve, e que já nessa altura marcava a diferença.

Uma foto com 16 anos, tirada pelo meu amigo fotojornalista, Carlos Gonçalves, motivou-me a escrever a "estória" de hoje.

No verão de 1994 fui enviado pela TSF para o Algarve a fim de fazer as férias dos craques da bola. Na altura decorria o Mundial dos EUA. As minhas reportagens giravam à volta dos tempos de lazer e de expectativas de Rui Costa, Futre, Vítor Baía, Figo e outros para além das opiniões sobre o decorrer do Mundial, mas não desperdiçava uma boa "estória" fora desse âmbito.

Um torneio de infantis chamou-me a atenção. Entravam diversas equipas entre elas o Sporting. Ao presenciar um dos jogos onde estavam os leões, despertou-me a curiosidade um miúdo que funcionava como "patrão" da equipa. Era nem mais nem menos que o Carlos Martins então com 12 anos. No final do encontro, onde ele marcou uma série de golos, fui entrevistá-lo. Só me lembro que o "puto" falou como gente grande.

Fui reencontrar Carlos Martins, uns anos mais tarde, no Sporting, em 1998, era ele juvenil e falava-se que havia ali craque. Em 2000 Inácio deu-lhe uma oportunidade e colocou-o a jogar num encontro com o Alverca para a Liga, que acabaria por terminar com uma igualdade de 1-1. As coisas não correram bem para o Sporting nem para Martins.

Depois de uma passagem pela equipa B, o jovem jogador foi até ao Campomaiorense rodar e regressou com Boloni. Começou bem a época de 2001/02, mas acabou emprestado à Académica.

A partir de 2003/04 as lesões não largaram C. Martins e só regressa em pleno após ter sido levado pelo seu empresário, Carlos Gonçalves, até à Alemanha onde o problema foi, aparentemente, resolvido.

Na época 2006/07 Martins apresenta-se em grande forma e é chamado por Scolari. Mas o ambiente no Sporting não era bom para ele. As relações com Bento estavam longe de serem as melhores e no final da temporada ruma para o Huelva onde faz uma época em cheio, marcando 6 golos.

Em 2008/09, o Benfica contrata Carlos Martins mesmo sabendo que uma fatia significativa dos 3 milhões que custou iriam para os cofres de Alvalade por causa dos direitos de formação.

Aos 27 anos, Carlos Martins despertou de novo, por bons motivos, a atenção. Em ano de Mundial, o jogador poderá voltar a ter a chance de mostrar o seu génio que, por esta ou aquela razão não conseguiu ser constante durante a sua longa estada no Sporting.






Carlos Severino