segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

QUEIROZvsBAPTISTA

Não me passava pela cabeça escrever esta "estória", mas os homens têm destas coisas.

Sou amigo e conheço bem Carlos Queiroz e Jorge Baptista. O que vou contar não serve para atacar nem defender ninguém. Apenas retrato uma série de episódios que demonstram como o ser humano é imprevisível.

Conheci, pessoalmente, Queiroz e Baptista mais ou menos na mesma altura, aquando do Mundial sub-20, em 1991. Um seleccionador campeão mundial em 89 e o outro jornalista que estava na equipa organizadora do evento de 91.

Quando terminou a prova de 91, Portugal sagrou-se, de novo, campeão. Queiroz passou, pouco depois, a seleccionador da equipa A e o Jorge acabou por ficar ligado à FIFA/UEFA como press-officer, para além de continuar como jornalista apostado na área do comentário.

Sei que os dois se tornaram bons amigos e ainda me lembro de ver Jorge Baptista em Alvalade para discutir a hipótese de ser assessor de imprensa do Sporting que tinha como treinador, precisamente, Carlos Queiroz.

Por uma razão ou outra a ligação profissional não foi possível.

Nas voltas da vida, Queiroz correu mundo como treinador e o Jorge fez o mesmo como press-officer FIFA/UEFA, mantendo, também, o estatuto de comentador, tendo-os encontrado várias vezes na minha condição de jornalista e como director do Sporting para a comunicação-social, e até no Euro 2004 onde fui responsável pela coordenação dos Media em Alvalade.

Recordo-me que, em determinado momento, Baptista farto de ser perseguido pelas invejas muito usuais nos poderosos medíocres deste pequeno país - Queiroz também foi vítima de pressupostos idênticos - rumou até Itália para, como freelancer, tentar a sua sorte e por lá ficou uns tempos.

No plano pessoal convivi muito com o Jorge, em especial naquelas futeboladas, às segundas-feiras, em Campo de Ourique onde se juntava muita gente do mundo da bola e não só.

Confesso que nunca ouvi o Jorge Baptista fazer críticas negativas a Queiroz, até o Prof. regressar a Portugal para voltar a pegar na selecção A. Depois, foi o que se sabe. O comentador não misturou a amizade com a sua opinião e não foi nada favorável ao regresso de Carlos e muito menos foi condescendente quando a selecção esteve na mó de baixo.

Quem conhece o Jorge sabe que ele não guarda recados e por isso já teve de sair de diversos sítios, nitidamente pelos incómodos que causou que levaram os responsáveis a não resistir, infelizmente, às pressões externas como foi no caso Vítor Baía em que defendeu, contra tudo e contra todos, a opção de Scolari em não convocar aquele que é considerado o melhor guarda-redes português de sempre.

Agora, que estão os dois em alta profissional, não era previsível que sucedesse o que sucedeu. Compreendo que não há nada que mais nos magoe que alguém que consideramos nosso amigo nos desvalorize, desanque ou diminua em público. A condição Humana não permite tal. Mas em altos cargos grandes responsabilidades e por isso...

Era bom que os dois valorizassem muito mais o que os unia do que o que os separou e, publicamente, viessem, sem hipocrisias, assumir que tudo não passou de uma anormalidade entre gente normal que gosta de futebol e daquilo que faz.


Com amizade,

Carlos Severino