Ao longo dos quase 104 anos da sua existência, o Sporting teve diversas crises. Algumas delas decorreram nos anos que por lá passei - 1998-2006 - como colaborador. Apesar de tudo, foi nesse período que o Sporting conquistou 2 Campeonatos e foi à final da taça UEFA.
A "estória" que vou contar passou-se em 2004/05 e culminou com as saídas do Presidente, Dias da Cunha, do treinador, José Peseiro, e do Administrador Executivo da SAD, Paulo de Andrade que, em Outubro de 2005, não aguentaram a pressão provocada pelos maus resultados e pelos insultos vindos da bancada, mas comandados por gente que hoje, no Sporting, pede compreensão e paciência para suportar o pior momento da história do clube.
O GOLPE FALHADO

Sabedor dos movimentos, Dias da Cunha perguntou a Peseiro se seria aconselhável ir assistir à partida já que não queria ser factor de desestabilização para a equipa. Os sinais foram no sentido da não ida. E assim aconteceu.
A anteceder o jogo no Coimbra da Mota, uma série de personalidades, de fora e de dentro, juntou-se ao almoço para acertar pormenores da estratégia que seria consumada no final da partida, em caso de derrota.
O cheiro a conspiração tresandava por todo o lado. As tais personalidades estavam todas num camarote, onde havia muitos sorrisos e... charutos. O ambiente, naquele camarote, era de alguma euforia, próprio de quem está prestes a atingir um objectivo. Do lado contrário, na bancada, os gritos das claques e os dizeres das tarjas exibidas não enganavam.


Com bons resultados nas competições internas e na taça UEFA, o Sporting entra em 2005 a apresentar boas exibições, vitórias sobre vitórias, encantando os adeptos mas, internamente, havia contestação dos mesmos do costume.
Dias da Cunha tinha identificado os rostos do "sistema" e virou-se para a tentativa de chamar o poder político à liça na regulação do negócio futebol. Para tanto, elaborou um "MANIFESTO" juntamente com Benfica, Marítimo e Belenenses. O Manifesto mais não era do que um programa de acções conducentes a credibilizar um negócio gerador de milhões, através da sua regulação fora dos agentes do futebol, ou seja sem que fossem os próprios interessados a decidir.
O documento gerou uma onda de contestação tal que, no Sporting, levou a rupturas que marcaram um final de época que sem as tricas que aconteceram podia ter resultado na melhor temporada, de sempre, do futebol leonino
Continua em próxima "estória".
Carlos Severino