quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

NA FIFA, DEBAIXO DA MESA



A propósito da cerimónia relativa à escolha do organizador do Mundial de 20018 que teve lugar na Sede da FIFA, lembrei-me da minha passagem por lá em 95. Estive em Zurique, em reportagem, qual contorcionista, dando em primeira mão o acordo Benfica - Sporting por Paulo Sousa, em condições hilariantes.




REPORTAGEM DEBAIXO DA MESA

Foi já na parte final de 95 quando Sporting e Benfica foram chamados à FIFA para se entenderem sobre o jogador Paulo Sousa.


Paulo Sousa vestia então a camisola do Sporting desde o chamado "Verão quente" de 93, tendo saído do Benfica alegando salários em atraso. O Benfica recorreu às diversas instâncias e numa fase em que tudo se parecia precipitar para a condenação do Sporting. Era o que se falava, embora corresse outra versão de que os leões nada tinham de pagar.

O caso fez correr muita tinta e levou a que os Presidentes dos dois emblemas rivais fossem chamados à FIFA, para se entenderem.

Santana Lopes, pelo Sporting, e Manuel Damásio, pelo Benfica, lá viajaram para Zurique a fim de serem recebidos pelo então Presidente João Havelange. Como não podia deixar de ser, a TSF esteve presente designando-me como repórter de serviço nesse acontecimento.



Em plena sede da FIFA chegou a hora da conferência de imprensa, que se realizou numa sala com sofás e uma mesinha no meio. Ora eu para fazer a reportagem em directo, através de telemóvel, precisava de colocar o aparelho perto das bocas dos intervenientes. Mas havia um problema: não podia ficar à frente das câmaras de televisão! Então pedi a Havelange se não se importava que eu me deitasse debaixo da tal mesinha de sala. Simpaticamente, o Presidente da FIFA autorizou aquele "desenrascanso" e lá tive oportunidade de dar, em primeira mão, para todo o Portugal, o acordo do Sporting em pagar ao Benfica 650 mil contos, com as reacções dos participantes e tudo.


Confesso que não tinha a noção do que tinha saído na Rádio. Quando cheguei a Portugal, fui direito a uma festa da TSF, no restaurante Mónaco, ali para os lados da Marginal. Aí tive a certeza de que tudo saíra bem. David Borges, como director, e Emídio Rangel, como fundador da TSF, deram-me um grande abraço e felicitaram-me pelo trabalho realizado (debaixo da mesa, na Sede da FIFA).


A Rádio tem destas vantagens.


Carlos Severino