A propósito dos jogos com o Vitória, lembro-me que na minha passagem pelo Sporting o V. Setúbal esteve ligado a uma tarde negra no velhinho Alvalade e, logo a seguir, a uma noite, também, negra no novíssimo Estádio.
A FESTA DA DESPEDIDA
No dia 25 de Maio de 2003, o Sporting disputou o último encontro oficial no Estádio onde jogava desde 1956. Estava preparada uma festa a condizer com o definitivo adeus.
Ainda Campeão em título, o Sporting acabava a temporada numa 3ª frustrante posição e por isso, apesar da anunciada festa, apenas compareceram 24000 adeptos para presenciar um encontro com o já despromovido Vitória de Setúbal.
A Festa da despedida começou animada com um jogo de velhas - guardas, que fizeram as delícias dos presentes, comigo a relatar para o estádio identificando os protagonistas que embora mostrassem os seus dotes já apresentavam um físico diferente de quando jogavam a sério. Lembro-me que Manuel Fernandes e Oliveira participaram. Mas quem se mostrou em melhor forma foi o Nélson, dos anos 60/70, que já com 60s fez um jogão.
Para o final do jogo com o Setúbal estava reservado o prato forte da festa, com o desfile de muitos símbolos da heróica saga Sportinguista. Desde campeões de diversas modalidades como ciclismo, atletismo, hóquei-patins, automobilismo, basquetebol e outras, até à maioria dos componentes da equipa de futebol que conquistou a Taça das Taças todos marcaram presença.
ÚLTIMO JOGO COM DERROTA
A tarde estava fria e não aqueceu com o resultado do jogo Sporting – Setúbal. As coisas começaram mal. Apesar de no Sporting jogarem Quaresma, J. Pinto, Jardel e Cristiano Ronaldo foi o Vitória marcou logo aos 13 minutos, por Mayong que já nos descontos havia de marcar de novo para desfazer uma igualdade a 3 golos. Pois é, o Sporting perdeu por 4-3 e se a tarde estava fria, com aquele resultado ficou gelada. Os adeptos nem quiseram mais saber do programa de encerramento do palco onde viveram, também, muitas alegrias e desataram a ir embora.
Como apresentador da suposta festa, ainda tentei provocar, no bom sentido, os adeptos para ver se ficavam para assistir ao desfile dos heróis do passado. Nada feito. Tudo aquilo foi um autêntico fiasco. Se há alturas em que nos apetece desaparecer aquela foi uma delas. Carlos Lopes, Joaquim Agostinho (representado pelo filho), Mamede, Marco Chagas e os vencedores da Taça das Taças, entre outros, acabaram por desfilar na mesma para os poucos que aguentaram firme. Mas foi penosa a situação.
MAIS UMA "PARTIDA", AGORA NA TAÇA
Foi a 17 de Dezembro de 2003. Jogava-se a 5ª eliminatória da Taça. O jogo foi à noite no novíssimo Alvalade. O Vitória disputava a Liga de Honra e era treinado por Carvalhal. O Sporting, sob o comando de Fernando Santos, era claramente favorito. Mas o impensável aconteceu. Os leões foram eliminados ao perderem por 1-0, golo de Jorginho, e o novo Alvalade (con)gelou. Ser eliminado, em casa, por um clube da Liga de Honra é, sem dúvida, um grande desastre. Na minha condição de profissional da comunicação ao serviço do Sporting, foi das situações mais constrangedoras que vivi.
NOTA FINAL
Se há clubes que marcam a minha memória por acontecimentos que gostava de não ter vivido no Sporting, o Vitória de Setúbal é um deles. Isso mostra que mesmo em circunstâncias desfavoráveis não à que voltar a cara. Embora me tenha doído muito, não posso deixar de mostrar o meu apreço por uma colectividade que faz parte da história do futebol português e que é, actualmente, treinada por um grande símbolo vivo do Sporting: Manuel Fernandes.