quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ALVALADE - FELICIDADE COM LÁGRIMAS

Confesso que, como toda a gente, tenho apanhado na minha existência algumas pessoas que outra coisa não fazem do que chatear e prejudicar quem até lhes fez bem. Claro que o mundo do futebol está cheio de uns quantos que não sabem viver de outra forma que não seja a de lixar o próximo e por duas razões: por tudo e por nada! E às vezes é tão fácil fazer os outros felizes, como se prova pela "estória" que passo a contar.

DA ÁFRICA DO SUL AO RELVADO DE ALVALADE

Já foi há uns anos largos, mas ainda hoje retenho a imagem de felicidade de um casal, já com alguma idade, de emigrantes portugueses na África do Sul.

Uma tarde, creio que em 1999, desempenhava eu funções de responsável pela comunicação no Sporting, quando, ao passar junto ao átrio da porta 1 do velhinho Alvalade, fui interpolado por um casal que, sem saber quem eu era, se me dirigiu com toda a humildade. Apresentaram-se como portugueses emigrados há muitos anos na África do Sul. Ele não disfarçava a emoção do momento dizendo, com um brilhozinho nos olhos, que era Sportinguista desde sempre e que tinha um desejo: "pisar o relvado do José Alvalade".

Ora perante um pedido tão expressivo, carregado de um significado perto da intangibilidade, não me ofereceu qualquer dúvida e sem rodeios ou explicações pedi-lhes que me acompanhassem de imediato.
Com os olhos rasos de curiosidade, mais ele é claro, lá entraram pela porta de acesso à central poente, onde estavam os anéis olímpicos, e mal avistaram o relvado pararam extasiados com se tivessem visto a 8ª maravilha.

Depois de uns minutos de conversa emotiva, lá fomos ao relvado bem tratado, na altura pelo Coronel Cunha Bispo que se tivesse visto tinha feito uma bela de uma cena, que o casal pisou e com ele a ir ao centro do terreno. De braços abertos rodou, chorou e agradeceu emotivamente aquele momento de grande felicidade e significado de um Leão que mesmo longe tinha no Sporting um fortíssimo elo de ligação.

DAR FELICIDADE NÃO CUSTA NADA

Confesso que fiquei, também, bastante emocionado com tudo o que se passou. Afinal a minha disponibilidade foi compensada por ver a grande felicidade de duas pessoas que, amando o Sporting à distância de uns milhares de quilómetros, viram concretizado um desejo que lhes parecia como que impossível de se realizar. E não me custou nada. Fez-me sentir como às vezes é tão fácil fazer os outros felizes. É uma questão de vontade.

Carlos Severino