domingo, 15 de novembro de 2009

A PREMONIÇÃO DE QUEIROZ



Como estamos em tempo de Selecção A e perto da decisão final do apuramento para mais um Mundial, veio-me à memória um jogo em que o então, tal como agora, seleccionador nacional era Carlos Queiroz.


Corria o  ano de 1993, dia 27 de Abril, véspera do Portugal-Escócia jogo a contar para a fase de apuramento do Mundial dos Estados Unidos. A selecção estagiava num hotel da zona do Estoril/Cascais e lá estava eu para acompanhar os trabalhos da selecção, 24 horas por dia. O relacionamento com o staff da FPF era muito bom, sendo que cada um sabia respeitar o espaço e a função de cada um. Reparei que Carlos Queiroz andava bastante entusiasmado com o trabalho que estava a desenvolver. Nessa altura despontavam já Figo, Peixe, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Fernando Couto, Baía, Jorge Costa, Folha, Hélder e Domingos que se juntavam a Futre, Rui Barros, Cadete, Oceano, Paneira, André, Semedo, Rui Águas, Veloso, João Pinto, Leal, Fernando Mendes, Nogueira e Neno que constituiram o grupo que participou na campanha.


Após o jantar, os jogadores subiram para os quartos e eu, a trabalhar para a TSF, juntamente com o meu amigo Carlos Boto, da Comercial, agora está no Rádio Clube, ficámos por ali para tentar saber quem ia jogar no outro dia, no mítico, antigo, Estádio da Luz.


Por volta das 22h metemo-nos com Queiroz para saber as últimas. O seleccionador sorriu e convidou-nos a entrar numa pequena sala onde havia um quadro e sem demora disse: "amanhã vamos ganhar por 5-0"! Claro que quisemos saber como iria isso acontecer perante uma selecção cliente habitual das fases finais dos mundiais. Carlos Queiroz não nos fez esperar. Vai ser assim, dizia ele apontando para o quadro: " vamos jogar pelos flancos e após os cruzamentos lá estarão o Rui Barros,  Futre, Cadete e sempre mais dois ou três prontos para  atirar à baliza. Isto vai resultar e vamos começar a marcar cedo".


Ok, não ficámos convencidos mas não deixámos de comentar que Queiroz estava mesmo convicto de que seria assim como estava a transmitir.


No dia seguinte, 28 de Abril de 1993, às 21h, lá estava eu, no Estádio da Luz, para fazer a cobertura do Portugal-Escócia, com arbitragem do internacional hungaro, Sandor Pul. O jogo começou com Portugal , efectivamente, a jogar pelos flancos e... GOLO! E foi assim até aos 5-0. Rui Barros marcou 2, Cadete mais 2 e Futre 1.


Grande jogo, grande exibição e a previsão de Carlos Queiroz deu tão certa que, em jeito de brincadeira, no fim, lhe chamei "bruxo".


Não sei se o Prof., era assim que lhe chamavamos, desta vez tem alguma premonição para o jogo com a Bósnia, mas eu gostava que tivesse. E não são precisos 5. Resta-me desejar boa sorte.

Já está. A primeira de muitas "estórias" aqui fica a marcar o meu regresso ao exercício do jornalismo.


Carlos Severino