quarta-feira, 26 de maio de 2010

"ESTÓRIAS" DA SELECÇÃO - 1 - (BAÍA E O BARÇA)

Estamos em tempo de apronto da Selecção para mais uma participação na alta-roda.
Em 1996 acompanhei todo o percurso da Selecção, inclusive o último estágio, que participou no Euro em Inglaterra.

Houve várias "estórias" que presenciei e nelas participei como foi o caso desta que passo a contar.



NA IRLANDA COM A CABEÇA NO BARÇA

Em 1996 o estágio da Selecção foi passado na República da Irlanda. O apuramento foi conseguido sem sobressaltos, num jogo precisamente com a Irlanda, no Estádio da Luz, que se seguiu aquele episódio que fez correr muita tinta, o famoso "Caso Paula".

Lembro-me de que estava uma noite muito chuvosa. Antes do encontro entrevistei o Prof. Hernâni Gonçalves, preparador físico, e o "bitaites" lá me deu uma bitaitada: "Vamos ter de jogar muito juntos (perto uns dos outros) para que isto resulte". E assim foi. Vitória por 3-0 e o apuramento conseguido.


Para a fase final em Inglaterra, o seleccionador, António Oliveira, convocou jogadores entre os 22 anos, Porfírio, e os 33, Oceano e Alfredo. Baía, Figo, João Pinto, Sá Pinto, Paulo Sousa, Rui Costa e Fernando Couto eram os esteios de uma formação que prometia ir longe.




No estágio da Irlanda, o objectivo era ambientar a equipa ao clima da região e fazer um jogo de preparação com a selecção então treinada por Jacky Charlton. Os treinos foram, quase sempre, bi-diários, mas os assuntos mais escaldantes tinham a ver com hipóteses de transferências para grandes da Europa, como foi o caso de Vítor Baía.






Tudo começou com rumores, mas cedo se percebeu que era mais do que isso. De repente, no estágio, o tema mais apetecível chamava-se Baía no Barcelona. Houve um dia que o então guarda-redes do FCP ficou sem falar à comunicação social porque não queria ser incomodado com as perguntas dos jornalistas, a quem respondia invariavelmente com um "nim". Por isso foi altamente criticado nos Media, o que o levou a pedir desculpa e a fazer as pazes connosco.

Já a admitir que se sentia honrado e que gostaria de ir para a equipa treinada por Robson com Mourinho a adjunto, Vítor Baía tinha um obstáculo: a indispensável bênção, pois claro, de Pinto da Costa. Foi aí que resolvi dar uma "ajudinha". Numa determinada visita social, fui ter com Vítor e desafiei-o: "porque não pede a PC para o deixar sair para o Barça?" Aceitou o desafio e disse para o gravador TSF: Presidente, gostava muito que me deixasse ir para o Barcelona..."

Baía acabou por ir mesmo para a Cidade Condal, onde conquistou vários títulos: Campeão de Espanha. 2 Taças do Rei, Taça das Taças e Super Taça Europeia. Acabou por ser um marco importante na sua grande carreira.

Carlos Severino