A Final da Taça de Portugal é chamada de "FESTA DO FUTEBOL". E é, sem dúvida, uma grande festa, quer jogue Benfica, Sporting ou Porto, ou não. Este ano apresenta-se o Chaves, já despromovido da 2ª Liga, como finalista. Em 1990 foi o Farense que era da 2ª Divisão, com a subida garantida, com o Estrela da Amadora. Deu Final e Finalíssima e sempre com o Jamor atestado de adeptos, na primeira vez que tive o privilégio de trabalhar naquele evento, como jornalista então na TSF.
A FESTA DOS PEQUENOS GRANDES
Há 20 anos no Jamor houve "Taça". Sporting, Benfica e Porto ficaram pelo caminho bem cedo. O FC Porto foi escandalosamente eliminado, nas Antas, perante o Tirsense que nem fez a coisa por menos: venceu por 2-0.
Surpreendentemente na Final, marcada para o dia 27 de Maio de 1990, apresentaram-se em compita o notável Farense que tinha disputado o campeonato da 2ª Divisão, mas com a subida garantida, e o primo-divisionário, de recente data, Estrela da Amadora.
Dois históricos dirigiam as equipas finalistas. João Alves era o técnico do Estrela, e o não menos carismático Paco Fortes, o do Farense.
Tendo em conta a dimensão dos dois Clubes, toda a gente pensou que o Jamor iria ter muitos lugares de sobra. Juízo errado. As gentes de Faro e da Reboleira encheram-se de brio e vai daí mudaram-se para Lisboa, mais concretamente para o Estádio Nacional. As bancadas estavam repletas. O colorido era fantástico. Milhares de bandeirinhas, cachecóis e outros artefactos faziam do Jamor tudo aquilo que é com finais entre equipas de maior nomeada.
Quando o árbitro da partida, o portuense Manuel Nogueira, apitou para o início da partida, os adeptos farenses e estrelistas fizeram questão de puxar ensurdecedoramente pelas suas cores. Lembro-me que tinha imensa dificuldade na escuta de rádio. Era um autêntico espectáculo.
Apesar de os adeptos puxarem pelas equipas, os 90 minutos chegaram ao fim com o marcador em branco. No Prolongamento, Nelson Borges marcou para os da Reboleira, mas rapidamente Fernando Cruz apontou o golo do empate para os de Faro. Ambos os golos mereceram um festim a condizer, por isso o resultado certo foi mesmo o empate e a festa não acabou ali.
Naquele tempo, os regulamentos obrigavam a uma Finalíssima para se encontrar o vencedor. Logo se pensou quer seria muito complicado que os adeptos regressassem outra vez, em grande número, ao Jamor 8 dias depois!!?? Então não é que regressaram mesmo! No dia 3 de Junho, lá estavam as bancadas preenchidas, com o tal colorido próprio dos grandes jogos. De assinalar a iniciativa do Moto Clube de Faro que inundou Lisboa de motas, bandeiras, panos alusivos e cachecóis do Farense.
Para arbitrar a finalíssima, foi nomeado o internacional Furtunato Azevedo, de Braga. As duas formações apresentaram-se com conhecidos jogadores como Lemajic, Sérgio Duarte, Ademar, Nelo, Formosinho, Pitíco e Fernando Cruz pelo Farense; Melo, Duílio, Barny, Bobó, Borges, Rebelo, Ricardo Lopes, Baroti e Paulo Bento pelo Estrela. Desta vez os comandados por João Alves não deram hipótese e acabaram vencendo por 2-0. Paulo Bento, então um jovem jogador a despontar, marcou o primeiro e Ricardo Lopes encerrou a contagem.
Tendo como paradigma esta grande final, que vivi bem por dentro, tenho de admitir que apesar de parecer, o futebol em Portugal não se resume aos 3 grandes. Aquela já longínqua Final mostrou que o País não é só Lisboa ou Porto.
Carlos Severino