quarta-feira, 2 de junho de 2010

MOURINHO E O SPORTING

 

O "grande" José Mourinho esteve duas vezes ligado ao Sporting. Uma como discreto adjunto de Robson e outra como treinador principal que acabou por não exercer devido a uma precipitação de Luís Duque, que presenciei e acompanhei para além do dia da grande contestação de adeptos liderados pela "avó" Rosário, fervorosa adepta que acompanha a equipa leonina por todo o lado.



MOURINHO, LEÃO SEM RUGIR

A época 2000/01 ia a meio. O Sporting, treinado pelo Campeão Inácio, foi à Luz e perdeu por copiosos 3-0 com o Benfica treinado por José Mourinho. A época leonina não estava a correr nada bem. O empresário José Veiga, que ajudara Luís Duque a levar o Sporting a Campeão após 18 anos de jejum, fez a proposta de mudança. Saía Inácio entrava Mourinho. A nova direcção encarnada queria Toni e José facilitou a coisa. Fez exigências que a direcção liderada por Vilarinho considerou incomportáveis. Mourinho ficou livre para rumar de imediato para Alvalade.

A notícia correu célere, mas a precipitação de Duque deitou tudo a perder. A Rádio Renascença deu a notícia da saída eminente de Mourinho, que após uma vitória gorda do Benfica sobre o eterno rival se preparava para substituir Inácio no comando dos Leões.

Estava tudo ainda muito fresco. Inácio, apesar da época menos boa do Sporting, estava no coração dos adeptos pelo título ao fim de tantos anos. Mourinho tinha levado o Benfica a ganhar por 3-0 ao Sporting. As duas situações conjugadas e perante a notícia da vinda de  Mourinho levaram umas centenas de adeptos a invadirem Alvalade mal souberam da conferência de imprensa marcada por Luís Duque, onde deveria ser confirmada a troca de treinador.


 
Com a sala de imprensa, António Capela, repleta de ruidosos adeptos, onde a "avó" Rosário se fazia ouvir contra Duque, acompanhada pelos restantes presentes, Luís Duque despediu Inácio mas já não conseguiu anunciar Mourinho. Os adeptos não deixaram. Mas o acordo já estava selado.


Com o "menino" nos braços, Duque foi recebido pelo Presidente, Dias da Cunha. Recordo-me que o então líder da SAD Leonina esteve cerca de 30 minutos com o Presidente e de seguida Dias da Cunha foi à sala de imprensa, na presença de jornalistas e adeptos, desembrulhar a situação, ele sempre foi solidário com os da sua equipa, dizendo: " ... não conheço nada em José Mourinho que o recomende como Sportinguista."



Mourinho não veio para a Alvalade, mas os acordos são para se cumprirem. A formula encontrada foi secreta, mas no 1,5 milhão de contos por Tello pode ter estado a solução para liquidar um compromisso com um treinador que ficou desempregado sem justa causa.

Ainda antes de rumar para a U. Leiria, encontrei e almocei com Mourinho no Estoril Open de 2001, onde me desloquei acompanhando o  então treinador  do Sporting, Manuel Fernandes. Contou-me que teve muita pena de não ter ido treinar o Sporting, mas disse-me que nada pôde fazer em face do que se passou. Depois, depois sabe-se o que se passou e hoje José Mourinho é o MAIOR. Ficará eternamente por  se saber como teria sido se tivesse entrado no Sporting.

Visto a esta distância, foi provavelmente o maior erro depois de Eusébio não ter vestido a camisola do Sporting por antecipação do Benfica.




Carlos Severino