Foi há 40 anos, mas lembro-me como se fosse hoje. Um jogo inesquecível entre o Sporting e o Glasgow Rangers, que acabou numa eliminação dos Leões conhecida, apenas, quando o estádio já estava vazio.
MAS QUE NOITE...
Tinha 18 anitos quando a 3 de Novembro de 1971 lá me dirigi, com o meu saudoso Pai, para o Estádio José Alvalade, numa noite fria mas que aqueceu o ambiente e de que maneira. As bancadas estavam muito bem preenchidas e eu era um de tantos Sportinguistas que, no topo sul, ali estava cheio de esperança numa reviravolta no marcador perante os escoceses do Glasgow Rangers.
O Sporting jogava a 2ª mão dos oitavos de final da então Taça das Taças. Em Glasgow o resultado tinha registado uma derrota por 3-2, com os Leões a reduzirem o marcador nos últimos minutos depois de estarem a perder por 3-0. Chico Faria e Pedro Gomes apontaram os golos.
Num ambiente de entusiasmo, o Sporting acabou por marcar aos 25 minutos, por Yazalde. Ainda estávamos a festejar o golo do "chirola" já o Vítor Damas estava a ir buscar a bola ao fundo da baliza chutada pelo escocês Stein. Mas o Sporting não baixou os braços e respondeu ao apoio dos adeptos com novo golo, agora pelo setubalense Fernando Tomé, havia 38 minutos de jogo. Assim acabou a primeira metade do encontro.
Quando se esperava que o Sporting consolidasse a vantagem, o inevitável Stein voltou a empatar a partida logo no início do 2º tempo. E foi uma aflição. Na bancadas pairava já algum desânimo quando o meu querido amigo, ex. colega TSF e excelente comentador, Pedro Gomes marcou o golo salvador que garantiu o prolongamento. Foi 5 minutos antes do apito final do tempo regulamentar, soprado pelo árbitro, holandês, Van Ravens que havia de, erradamente, alimentar uma grande alegria em nós, adeptos do Sporting.
Em pleno prolongamento, os escoceses voltaram a gelar ainda mais Alvalade. Aos 10 minutos um tal de Henderson rematou a bola que tabelou em Laranjeira e lá foi o bom do Damas, mais uma vez, buscar a bola ao fundo das redes. Mas, de novo à beira do fim, surgiu o golo que iria adiar tudo. Era o que se pensava porque ninguém percebia bem a nova lei dos golos fora. Peres marcou de grande penalidade.
Sem surpresa, excepção para os escoceses, seguiu-se a marcação de grandes penalidades para desfazer o empate a 6 golos. O Sporting marcou, Damas defendeu. O Sporting facturou e Damas segurou. O árbitro mandou repetir e Damas voltou a segurar. Damas defendeu ainda mais uma tentativa dos escoceses e o tal Stein atirou para fora na última possibilidade.
Foi uma festa de arromba, com Damas a sair em ombros, numa noite em que todos saímos felizes de Alvalade. E foi assim que regressei a minha casa para uma noite bem dormida, cheio de orgulho do meu Sporting .
Pois é, já na altura se podia utilizar a célebre frase de Pimenta Machado: " No futebol o que hoje é verdade amanhã é mentira". A caminho do emprego, às 8 da manhã, olhei para os jornais num quiosque junto à Av. de Berna, e lá estava a notícia no Record: "Sporting eliminado em face do regulamento"! Confesso que fiquei sem vontade nenhuma de ir trabalhar e só me apetecia chorar. Mesmo assim, aquela noite é inesquecível e a performance do saudoso Damas valeu-lhe um anúncio televisivo para "Homens de Barba Rija".
NOTA FINAL
Valeu a pena ter ido àquele histórico jogo, apesar do que sucedeu à posteriori. A propósito, o Glasgow Rangers venceu essa Taça das Taças que é, tal como no Sporting, o único troféu europeu do mítico clube escocês. Espero que desta vez o Sporting deixe o Rangers pelo caminho.
PS: Mais uma vez o Sporting deixou-se levar pelo Rangers. E desta vez foi de levar as mãos à cabeça pelo sucedido. Com tão pouco tempo para jogar, foi terrível o que aconteceu. Já não há nada de mau que não aconteça em Alvalade. É urgente socorrer o Sporting de tanta desgraça resultante de uma gestão altamente lesiva dos seus interesses.
PS: Mais uma vez o Sporting deixou-se levar pelo Rangers. E desta vez foi de levar as mãos à cabeça pelo sucedido. Com tão pouco tempo para jogar, foi terrível o que aconteceu. Já não há nada de mau que não aconteça em Alvalade. É urgente socorrer o Sporting de tanta desgraça resultante de uma gestão altamente lesiva dos seus interesses.
Carlos Severino