terça-feira, 30 de março de 2010

JOGADAS DE EMPRESÁRIO


Toda a polémica gerada com o caso Izmailov, que envolveu o seu empresário Paulo Barbosa, trouxe-me à memória duas situações que se passaram precisamente comigo e com o referido empresário nos idos anos 90, que passo a contar.

YURAN NO ARSENAL

Estava ainda o russo Yuran no Benfica quando, num determinado sábado, recebi um telefonema do empresário Paulo Barbosa, que me contactou na minha qualidade de jornalista que trabalhava para a Rádio TSF.

Disse-me ele: " Gostava de lhe dar uma notícia, só para si. Como sabe, represento o Yuran e gostava que soubesse que há uma proposta do Arsenal para o jogador se transferir para lá."

Registei a informação e queria, como é meu hábito, cruzá-la para confirmar a notícia antes de a colocar em antena. No entanto, estava com os meus filhos mais pequenos, numa sessão de parque infantil, e não pude "chekar" logo a informação.

Passaram 2 a 3 horas e já no meu carro ouvi, na Rádio Renascença, o meu amigo Pedro Sousa a dar a notícia que Paulo Barbosa me tinha garantido ser só para mim! Acto contínuo, decidi que já não ia falar do assunto, aguardando pelos desenvolvimentos para ver como pegaria no tema posteriormente. Claro que fiquei mal impressionado com Paulo Barbosa e não escondi o meu desagrado junto de outros jornalistas.

No dia seguinte, ou noutro dia a seguir, saiu nos jornais um comunicado do Arsenal a desmentir que houvesse qualquer proposta dos "gunners" por Yuran.

CADETE RESCINDE COM SPORTING

Decorria a época 1995/96. Santana Lopes era o Presidente do Sporting. Um dia, à noite, recebi um telefonema do meu amigo Carlos Trigo, jornalista do DN, que me avisava de que tinha de fonte segura que Jorge Cadete acabava de rescindir com o Sporting, alegando salários em atraso. Perguntei quem era a fonte? Trigo disse-me que não a podia revelar porque a dita dizia que se eu soubesse quem era não acreditava na informação, mas que gostava que fosse eu a dá-la em primeira - mão.

Como é evidente, agradeci mas vi logo donde vinha. Para não correr riscos, liguei para Santana Lopes para saber se me confirmava a rescisão de Cadete. O Presidente pareceu-me surpreendido e pediu-me para ligar dali a 5 minutos. No prazo certo voltei a ligar e PSL confirmou que o Departamento de Futebol tinha acabado de receber um fax do Cadete, a rescindir. Santana Lopes apressou-se a dizer-me que a alegação do jogador, vencimentos em atraso, não tinha razão de ser porque estava tudo em dia.
Com tudo confirmado, lá avancei a notícia, em primeira mão.

Passou-se uns tempos, talvez anos, e encontrei Carlos Trigo, agora a trabalhar para a Lusa, num jogo em Campo Maior, bons tempos e boa gente como João Manuel Nabeiro e Pedro Morcela, e não resisti em confirmar com ele a tal fonte que dizia que eu não acreditava nela. Trigo não se fez rogado e atirou: "Paulo Barbosa."

NOTA FINAL

Não confundamos as coisas, nada me move contra o Paulo Barbosa ou qualquer outro empresário. Eles defendem os seus interesses como eu defendo os meus e os dirigentes dos clubes devem preservar os interesses das instituições que dirigem. Como se prova aqui, só se deixa enganar quem quer ou quem for incauto, o resto são cantigas.

Carlos Severino