terça-feira, 16 de março de 2010

O JOGO DO FUTURO ANTECIPADO


A propósito de Carvalhal estar a fazer um bom trabalho no Sporting e, alegadamente, poder ser substituído no final da temporada por treinador que poderá estar já contratado, lembrei-me de uma "estória" que se passou com Toni após ter sido campeão pelo Benfica e que eu acompanhei de perto.

TREINADOR CAMPEÃO DISPENSADO

Foi no ano dos 6-3 do Benfica, em Alvalade. Quando ninguém já acreditava, a equipa treinada por Toni surpreendeu e, após a inesperada vitória sobre o Sporting,  sagrou-se campeã. Acabou por ser um delírio para os adeptos encarnados, mas um grande "embrulho" para o então Presidente, Manuel Damásio.

Nessa temporada de 1993/94, o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal, sucumbiu perante o Parma nas meias-finais da Taça das Taças mas, num ano em que o FC Porto não estava bem, conseguiu chegar ao encontro com o Sporting apenas a 1 ponto dos leões devido a uma derrota da equipa treinada por Queiroz nas Antas, onde a turma leonina acabou com 8 jogadores. Entre os expulsos estavam Peixe e Juskowiak que assim ficaram afastados do encontro com o velho rival.

Apesar das baixas, o Sporting era claramente favorito e até alguns benfiquistas meus amigos diziam, baixinho, que tinham receio de uma goleada. E devido a esta descrença encarnada que já vinha de trás, o Presidente Damásio, a pensar na temporada seguinte, já havia contratado uma alternativa a Toni.



Ninguém confirmava a contratação de novo técnico, mas os rumores corriam céleres. Falava-se que Artur Jorge seria o futuro treinador do Benfica.



Na noite dos 6-3, a justificada euforia tinha inundado a equipa e os adeptos benfiquistas, mas havia alguém que estava com ar apreensivo. Calhou-me a tarefa de fazer, para a TSF, a reportagem da festa encarnada.
Na entrevista que fiz a Manuel Damásio notei um indisfarçável incómodo no meio da sua alegria. Após a entrevista, informalmente disse-lhe que ele parecia mais triste que eu como Sportinguista que, ainda por cima, tinha de fazer a festa benfiquista.

Em jeito de  desabafo, Damásio disse-me, com um sorriso amarelo, que tinha entre mãos uma situação complicada. Aproveitei para ver se me confirmava Artur Jorge. Ficou-se por um abanão de cabeça como quem tinha que resolver algo com que não contava.

O desenlace já se sabe como foi. Toni não aceitou ficar como "manager" e foi para o Bordéus com Jesualdo Ferreira. Damásio justificou a vinda de Artur Jorge, em assembleia-geral, dizendo que a ambição do Benfica era construir uma grande equipa para a Europa.

Pois é, às vezes as jogadas de antecipação podem gerar grande turbulência, especilamente quando a bola entra na baliza do adversário.

Carlos Severino