quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"ESTÓRIAS" DE JARDEL


Vem aí mais um Sporting-Porto, um clássico do futebol português que se realiza há muitas décadas com tantas peripécias que daria um livro para as contar. Mas desta vez apenas quero realçar algumas "estórias" inéditas de Jardel, um jogador único que passou pelos dois emblemas e com quem convivi na sua passagem pelos Leões.


JARDEL, REFORÇO DO SPORTING

Já o Campeonato tinha começado quando Jardel chegou a Alvalade vindo do Galatazaray da Turquia, através de um complexo negócio que envolveu cerca de 12 milhões de euros, mais 3 jogadores para o emblema turco.

Com a chegada de Super-Mário, o Sporting passou a ter uma enorme eficácia na obtenção de golos que acabaram por resultar na conquista do Campeonato, Taça de Portugal e Super-Taça. Jardel sagrou-se, de novo, Bota de Ouro com 43 golos marcados em apenas 30 jogos. Notável.

EM FARO COM FARO...

Num jogo com o Farense, no S. Luís em Faro, havia um empate a 1 bola, Jardel marcou de penalty, já perto do final da partida. Na minha condição de Director de Comunicação estava no estádio também a ouvir o relato do jogo, na circunstância o da TSF por Jorge Perestrelo. E dizia o saudoso Jorge, que o Jardel estava pesadão e que Boloni o devia substituir. Mas o treinador não o ouviu e tirou o compatriota Niculae. Perestrelo criticou a opção e quando o estava a fazer Jardel "pimba" lá para dentro, como diria o Jorge se não tivesse a tecer considerandos sobre as apostas do técnico leonino. E ainda nem tinha acabado de assinalar o 2º golo já estava a gritar, a plenos pulmões, o 3º, é claro, de Jardel! Jorge Perestrelo, com toda a humildade, reconheceu, na antena da TSF, que por todas a razões expostas é que a sua profissão não era a de treinador de futebol.

JARDEL CANTOR

O campeonato de 2001/02 aproximava-se do final e o Sporting posicionava-se cada vez melhor para conquistar o Título. A vitória nos Açores, frente ao Santa Clara, foi preciosa. Já no aeroporto, antes do regresso a Lisboa, a disposição era óptima que até deu para uma cantoria deliciosa para grupo restrito. Para além dos jogadores e equipa técnica, estava o Presidente Dias da Cunha, os dirigentes Isabel trigo Mira e Menezes Rodrigues, o Mário Casquilho e eu. Jardel e César Prates deram show a cantar especialmente: ...é amor, ai, ai é amooor... Foi um momento inesquecível, pronúncio daquilo que foi uma época que tanta felicidade e orgulho trouxe aos Sportinguistas.


JARDEL EM BAIXO

É curioso, mas quem trouxe Jardel para o Sporting, José Veiga, acabou por o desviar dos caminhos de Alvalade com promessas de grandes contratos, passagem do jogador pelo estrangeiro para depois ingressar no Benfica. Nessa altura Mário Jardel já estava "nos braços" de situações muito complicadas que envolveram droga e jogos de azar. Depois de 10 épocas em cheio, talvez o único ponta de lança do Mundo a ter uma média de golos acima dos 30/40, Jardel sucumbiu ao stress, à pressão e às ofertas "apelativas" desta vida.


 JARDEL E O DESERTO

Não sei se o Sporting recebeu alguma coisa pela saída de Jardel. O que sei é que o Presidente do Ancona veio a público dizer que Luciano Moggi, a quem acusou de ser a Cabeça do Polvo do futebol italiano, o obrigou a ter lá um "gordo" por uma elevada quantia de dinheiro! Referia-se a Jardel, que andou de clube em clube a servir interesses de empresários, num percurso bem penoso.

JARDEL NÃO DESISTE


Aos 38 anos, Jardel ainda contínua pelo Mundo da bola. Depois de várias tentativas falhadas de regresso ao passado dos golos, ainda tenta impressionar agora na Bulgária, ao serviço do Chemo More.

Ainda bem que Jardel não desistiu, especialmente dele próprio. Mesmo com todos os conhecidos percalços, Super - Mário fica na história do futebol. Isso ninguém lhe pode tirar.

Carlos Severino