quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A VERDADE DESPORTIVA





A procura da verdade desportiva não é uma situação de agora. A verdade desportiva sempre foi adulterada ao longo dos tempos. É da natureza Humana tudo fazer para alcançar êxito. Contornar regras, jogos psicológicos, doping, tráfico de influências e afins. Quem não os usou que atire a primeira pedra.


Acontece porém, que há alguns que aliciam adversários, agentes reguladores e outros com influência na organização do negócio desportivo, pois é disso que se trata, sem dúvida, e de tal forma o fazem, que conseguem um domínio que parecendo quase natural, não é mais que um consentimento de quem se acomoda à situação, contentando-se com uma posição secundária.

Verdade desportiva no futebol, todos deviam querer embora se saiba que alguns que clamam por ela quando se apanharem a ganhar vão "esquecer-se", rapidamente, daquilo que diziam defender!

São muitas as "estórias" que tenho para contar sobre verdades e mentiras do futebol, sendo que colaborei directamente com o dirigente que mais vi defender, genuinamente, a VERDADE DESPORTIVA, e que por isso mesmo não conseguiu sobreviver, não só pelo que lhe fizeram as "forças ocultas", mas pelo que lhe fizeram as "forças internas".


Falo de António Dias da Cunha que outra coisa não fez do que defender o Sporting como entidade que devia ser respeitada pela sua grandeza, e fundamentalmente quis defender a credibilidade do Futebol Português.

Vem tudo isto a propósito da apresentação na Assembleia da República da Petição pela Verdade Desportiva, uma iniciativa, corajosa, do jornalista Rui Santos, que tive ocasião de subscrever na primeira hora. Espero que o impacto do documento não se fique só pelo mediatismo da sua apresentação e da composição da delegação que se deslocou a S. Bento.

Rui Santos é hoje um jornalista livre, que felizmente tem um palco de grande audiência, conquistado pela qualidade das suas intervenções, onde pode dizer o que pensa sem ter que dar contas a ninguém.

E podia ter entrado pelo caminho mais fácil que era o de não se desgastar na defesa daquilo que, no fundo, pessoas com outras responsabilidades, no mundo do desporto rei, deviam fazer. Certo, certo é que foi o Rui que avançou com este movimento que pode mudar o "modus – operandi" do futebol mundial.

Conheço Rui Santos há uns anos e com ele lidei mais vezes aquando da sua passagem pela chefia da redacção de A Bola e depois já como comentador na SIC enquanto eu era director para a comunicação social no Sporting.

Confesso que nem sempre estava de acordo com os seus comentários, mas sempre o respeitei e o admirei especialmente a partir do momento em que fiquei sem dúvidas de que Rui Santos dizia o que pensava, sem se deixar influenciar por nada nem por ninguém. Quem no mundo do jornalismo pode dizer ou tem condições para fazer o mesmo sem colocar em causa o seu posto de trabalho?

Chegados aqui, é altura de render a minha homenagem ao Rui Santos, porque se há alguém que pode avaliar o que ele está a fazer pelo Futebol, modéstia à parte, sou eu que vivi o lado de fora como jornalista na busca diária da notícia junto dos grandes protagonistas, e o lado de dentro como director para a comunicação social de um grande clube.

Sei bem o que é verdade e o que é mentira; sei bem como é manipulada a informação e a comunicação; sei bem quem joga limpo e quem antes pelo contrário. Por todas as razões sei que o Rui Santos é genuíno; é conhecedor do que diz; não faz fretes a ninguém; está a fazer pela credibilidade do futebol aquilo que outros, com grandes responsabilidades, nunca fizeram.

Louvo pois a coragem de Rui Santos, e espero que o resultado da sua luta se possa sentir a breve prazo para o bem da verdade e do próprio negócio futebol, que tem na sua magia a incerteza do resultado que ninguém deveria ter o direito de adulterar.

Carlos Severino